6 DE FEVEREIRO DE 2015
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materiais potencialmente perigosos, ainda que não sejam resíduos ou, sendo resíduos, para evitar casos
como, por exemplo, aquele que agora temos vindo a verificar e para o qual todos temos estado alerta, que é o
que se passa com o manuseamento de petcoke no porto de Aveiro.
Sr. Ministro, o que é que resolveu, no concreto, cada um destes diplomas também no que toca à
conservação da natureza e à interação da indústria e do desenvolvimento económico com a natureza,
nomeadamente no que diz respeito às reservas, parques naturais e salvaguarda dos valores ambientais.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Enquanto vêm fazer estes anúncios, na verdade, o ambiente em Portugal
continua a degradar-se e a negar a sua tese de que capitalismo e natureza são compatíveis.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente, do Ordenamento do
Território e Energia.
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia: — Sr.ª Presidente, não sei se,
dispondo de tão pouco tempo, não será preferível responder em conjunto.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Ministro, tem toda a razão.
O Sr. Deputado Duarte Pacheco acaba de me lembrar, e bem, que há um outro pedido de esclarecimento
do qual o PCP não prescinde, e o PCP dispõe de tempo, a que acresce o valor autónomo dos pedidos de
esclarecimento, mesmo que não haja tempo para resposta.
Assim, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e
Energia, a desconhecida proposta que hoje discutimos enquadrará, segundo o comunicado do Conselho de
Ministros, o Regime de Exercício das Atividades Pecuárias, também conhecido como REAP.
Sobre esta matéria, importava que o Governo esclarecesse se irá resolver os problemas deste regime.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — Este processo de licenciamento obriga os produtores pecuários a
procederem a grandes alterações nas suas explorações para cumprimento de regras ambientais e de bem-
estar animal.
As modificações que se exigem nas explorações pecuárias têm custos elevados e muita burocracia e os
produtores, principalmente os pequenos e médios, não têm condições financeiras para os suportar. Um bom
exemplo dessa dificuldade existe nas explorações leiteiras, asfixiadas pelos baixos preços pagos à produção e
os elevados custos dos fatores de produção.
Apesar das diferentes portarias de enquadramento, continuamos sem conhecer o número de explorações
envolvidas e a tipologia dos problemas e continua a não haver apoios para a transformação das explorações.
Quando haverá apoios para adequar as explorações, Sr. Ministro? E o Governo vai simplificar os processos,
tendo em conta a realidade dos nossos agricultores?
Será também necessário explicar como é que o Governo pretende garantir os direitos das explorações com
muitos anos, entretanto absorvidas por zonas urbanas.
Falando em explorações pecuárias, aproveito para perguntar o posicionamento do Ministério face ao
problema dos ataques dos lobos que têm ocorrido nas serras da Gralheira e de Montemuro. Os Ministérios da
Agricultura e do Ambiente passam a «bola» entre si, sem responderem aos graves prejuízos causados pelos
lobos, o que levou ao escândalo de um produtor de Cinfães ter sido obrigado a transferir uma vacada de 200
arouquesas para o Alentejo.