14 DE FEVEREIRO DE 2015
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defende que seja feita a transferência e a descentralização de competências, ou seja, as áreas da saúde e da
educação.
Será o caráter eventualmente avulso? A lei das finanças locais, de autoria socialista, em 2007 (a Lei n.º
2/2007, de 15 de janeiro), dizia, no n.º 7 do artigo 53.º, que «(…) podem ser transferidas competências por
diploma avulso, com caráter transitório (…)». É isso que está em causa? Será que mudaram de opinião?
Será o problema dos projetos-piloto, aqui referidos? Pois bem, estes mesmos projetos-piloto eram aqueles
que o Dr. António Costa queria implementar como fase exploratória da reforma de Lisboa. Era isso que o Dr.
António Costa queria fazer.
Será a transferência financeira? Pois bem, ela está garantida no decreto-lei.
Qual é, afinal, o problema do Partido Socialista? É a oportunidade, não dá jeito ser agora. Porquê? Porque
o Partido Socialista põe o interesse partidário à frente do interesse nacional.
Vozes do PS: — Oh!
O Sr. António Prôa (PSD): — O Dr. António Costa, ao mesmo tempo, diz que a descentralização é o
modelo que implementou em Lisboa e que deve ser a pedra angular da reforma do Estado. Mas, depois, não
quer comprometer-se com nenhuma descentralização.
A diferença, Sr.as
e Srs. Deputados, é que, na reforma de Lisboa, o Partido Social Democrata, na oposição,
comprometeu-se com uma reforma que era importante para a cidade.
Aplausos do PSD.
Em suma, o Partido Socialista, no plano nacional, estando na oposição, não está disponível para qualquer
compromisso.
Digam, Srs. Deputados, por que não dá a cara o Dr. António Costa! Por que nunca dá a cara? Por que não
assume compromissos? Por que se esconde o Dr. António Costa?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Michael
Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Neste debate, podemos passar o tempo todo a discutir se é bom descentralizar a competência a ou a
competência b, se a competência deve estar no Governo ou no município. Mas é exatamente isso que
esperamos que o Governo tenha vindo a fazer com os municípios em concreto, desde há mais de um ano e
meio. É que o Parlamento fazer aquilo que, por exemplo, o PCP propunha, numa proposta de alteração ao
Orçamento do Estado, que era, por via de lei, proibir os contratos de passagem de competências na
educação, é algo que é profundamente errado e demonstrativo de uma forma de ver o poder local e o papel do
centralismo do Parlamento e do poder autárquico democrático.
Protestos do PCP.
O CDS, Sr. Presidente, tem uma longa tradição de defesa de descentralização e de passagem de
competências para os municípios, por várias razões. A primeira é porque os municípios são muito mais
diretamente responsabilizáveis pelas opções políticas do que o próprio Governo. É que os munícipes, muitas
vezes, mesmo em competências que são centralizadas, que são do Governo, pedem primeiro contas à sua
câmara municipal, ao seu autarca, que está ali à mão. É por isso útil para a responsabilização da qualidade
dos serviços públicos que ela esteja o mais próxima possível das populações.
Mas não só, Sr. Presidente. É também importante que as autarquias e os vários municípios possam ter
ofertas diferenciadas dos serviços públicos,…