14 DE FEVEREIRO DE 2015
27
referenciar, mencionando apenas um dos últimos, o qual estabelece o regime jurídico das autarquias locais,
aprova o estatuto das entidades intermunicipais, estabelece o regime jurídico da transferência de
competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais e aprova o regime
jurídico do associativismo. E, agora, na sequência da Lei n.º 75/2013, este decreto-lei que estabelece o regime
de delegação de competências nos municípios e entidades intermunicipais.
A descentralização administrativa é, de resto, um dos pilares da reforma do Estado.
O estudo-piloto com duas comunidades intermunicipais e o programa Aproximar são exemplos desse
desiderato e dessa vontade do Governo em melhorar a qualidade dos serviços prestados às populações,
através de respostas adaptadas às especificidades locais e da racionalização dos recursos disponíveis, em
suma, em promover a coesão territorial.
Esta iniciativa agora apresentada revela, mais uma vez, não só o ímpeto reformista deste Governo mas
também o cumprimento de uma promessa de muitos anos.
Convém lembrar que a Lei n.º 159/99 estipulava que «O conjunto de atribuições e competências
estabelecido (…) será progressivamente transferido para os municípios nos quatro anos subsequentes à sua
entrada em vigor».
E o que é que aconteceu, Sr.as
e Srs. Deputados? Os sucessivos Orçamentos do Estado iam prorrogando o
prazo, sem que nenhum governo, até hoje, tenha apresentado propostas legislativas nesse sentido.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Fernando Marques (PSD): — Não foi com certeza por falta de tempo,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Fernando Marques (PSD): — … pois tivemos 10 anos de governação socialista, o que nos leva a
questionar quem é, de facto, centralista e quem é amigo das autarquias e da autonomia do poder local.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Os municípios portugueses são
responsáveis pela grande transformação operada no País nestes 40 anos de democracia. Foi graças à
autonomia do poder local e ao empenhamento dos autarcas que se construíram as infraestruturas básicas
fundamentais ao bem-estar das populações.
Os autarcas portugueses, independentemente da força política por que foram eleitos, sempre foram além
das suas competências, na defesa do superior interesse das suas populações e por isso há muitos anos que
defendem a descentralização e exigem mais competências.
Por isso, merecem hoje uma palavra de reconhecimento e só podem estar satisfeitos com esta proposta,
porque este Governo está finalmente a concretizar tão importante medida, prevista na Constituição da
República Portuguesa e tantas vezes prometida e nunca posta em prática.
Esta não é uma transferência de competências universal e definitiva. Este modelo não impõe nada contra a
vontade das autarquias.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Fernando Marques (PSD): — Este processo foi amplamente discutido, como já foi dito, não só no
Conselho de Concertação Territorial, mas também com os governos regionais, com a Associação Nacional de
Municípios Portugueses, com a ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias), com as áreas metropolitanas
e as comunidades intermunicipais e com tantos outros agentes da administração local.
Este Governo optou, e bem, por implementar a descentralização de forma progressiva e faseada, através
de projetos-piloto, por contratualização com os municípios. É, assim, assegurada a igualdade de todos os
municípios interessados e garantida a transferência dos recursos financeiros necessários para a prestação do
serviço público.