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I SÉRIE — NÚMERO 51

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que nos vai perseguir durante décadas. Não adianta tentar dizer que os nossos problemas de endividamento

externo estão resolvidos, porque não estão resolvidos. Temos das maiores dívidas externas da Europa e isso

continua a condicionar o investimento e o crescimento. A dívida externa é das maiores da Europa!

Quanto ao saldo comercial, podemos também referir — e já tivemos esta discussão — que a maior parte

dos países da Europa teve um saldo comercial positivo por uma questão de ajustamento por diminuição das

importações e aumento das exportações.

Passo a mostrar um gráfico que considero bastante elucidativo — mostrar gráficos é uma boa forma de

debate.

Como podem ver, a linha azul corresponde às exportações e a linha vermelha às importações. O que é que

acontece? As exportações decresceram até 2012, mas as importações decresceram bastante mais. Depois,

cresceram as exportações e as importações, mas estas últimas bastante menos. Isto fez com que

conseguíssemos ter um saldo comercial positivo, como, aliás, aconteceu em muitos países da Europa.

Ninguém nega que as exportações cresceram, de facto, em 2012 e em 2013. Mas o que é que se deu no final

de 2013? O crescimento das importações ultrapassou o crescimento das exportações, ou seja, foi aqui que as

duas curvas se cruzaram, o que originou, outra vez, um problema estrutural na economia. É, pois, quando as

duas curvas se cruzam que temos um problema — a curva das importações superou a curva das exportações.

A Sr.ª Presidente: — Terminou o seu tempo, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino, Sr.ª Presidente.

Talvez por isso, o contributo da procura externa para ao PIB, que foi positivo ao longo de 2011 e de 2012,

tenha sido negativo em 2014. Portanto, quando se diz «retirado o efeito das importações, as exportações não

chegam sequer para fazer o PIB crescer» aqui está: 2014 contributo negativo da procura externa para o PIB.

Por conseguinte, o que temos é uma política do Governo baseada…

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino, Sr.ª Presidente, dizendo que temos uma política do Governo

baseada em exportações e em investimento muito frágil.

Qual é a política do Governo? É aquilo que continuamos sem perceber.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Ministro da Economia

referiu-se ao financiamento e ao acesso ao crédito por parte das empresas, sobretudo das pequenas e médias

empresas, que é um problema, de facto, importante. Aliás, por isso é que, há pouco, sugeríamos que o

Governo impusesse à banca a obrigação de estabelecer metas de acesso, por parte das pequenas e médias

empresas, ao crédito.

Mas os problemas que estão a dificultar a vida das empresas não se esgotam apenas no financiamento e

no acesso ao crédito, porque não há financiamento, não há acesso ao crédito, nem há estímulos fiscais que

possam valer às empresas, se estas não tiverem quem lhes compre os produtos e os bens que produzem.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ora bem!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Se não houver procura, nada feito! E, para haver procura — já se

viu —, é necessário que as pessoas tenham poder de compra que lhes permita adquirir esses produtos.

Sucede que o Governo insiste em diminuir o rendimento disponível das famílias, como sucedeu, aliás,

neste Orçamento do Estado para 2015, como continua a suceder, com a recusa do Governo em não atualizar

o salário mínimo nacional, conforme estava previsto — não estou a falar de pequenos aumentos; estou a falar