O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 51

18

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PS.

Tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba.

O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Economia, vou ser muito franco. O Sr.

Ministro da Economia não se limita a ser um mau Ministro, é também, infelizmente, um Ministro pouco sério,

porque as análises que fez aqui são absolutamente inaceitáveis.

A oposição confronta o Sr. Ministro da Economia com dados do INE e o Sr. Ministro — até vou citá-lo,

porque é quase caricato — diz assim: «Respeito os gráficos, mas os gráficos não podem iludir a realidade».

Sr. Ministro, pense 2 segundos nessa sua frase e perceberá rapidamente o disparate que isto significa!

São os empresários portugueses, não é o Partido Socialista, que desmentem todas as suas afirmações.

O Sr. Ministro da Economia veio aqui dizer que temos um crescimento com um perfil sustentável. É falso,

Sr. Ministro.

Olhemos, por exemplo, para 2010, o ano de todos os défices, o ano que precedeu a ajuda externa. Sabe

quanto é que crescemos, Sr. Ministro? Crescemos 1.9% do PIB, quase o dobro do que crescemos agora.

Protestos do CDS-PP.

E sabe qual foi o contributo da procura externa líquida, a diferença entre exportações e importações? Em

2010, foi de -0.2 e, em 2014, foi próximo de 1%. Ou seja, a única razão pela qual hoje não temos um défice

externo igual ao de 2010 é porque destruímos 350 000 empregos, porque destruímos a procura interna.

Por cada euro de PIB que a economia portuguesa possa crescer agora, o desequilíbrio externo será maior,

a procura externa líquida será mais negativa, Sr. Ministro. Este é um dado que o Sr. Ministro não pode ignorar.

E isto tem apenas um significado: no dia em que, com esta tendência, o Governo conseguisse — não vai

conseguir! — recuperar o emprego e a procura interna, garanto-lhe que teríamos um défice externo mais alto

do que tivemos em 2010. Isto não é uma opinião, isto é matemática, decorre de dados conhecidos, dados que

o Sr. Ministro ignora.

O Sr. Ministro disse que crescem mais do que na década perdida, mas isso é falso, a não ser que não

queira ser sério, porque entre 2000 e 2007 a economia portuguesa cresceu 1.5% em média. Só se incluir os

anos da crise financeira de 2008 e 2009 é que cresce aquele valor que o Sr. Ministro disse. Mas, se quiser

incluir esses anos, então olhemos para 2010. E responda ao seguinte: como é que é possível crescer mais

com uma deterioração — não é nível da balança externa, é deterioração — maior do que a de 2010? Que

transformação estrutural é esta? Não é nenhuma, Sr. Ministro da Economia!

Os empresários portugueses — uma bolsa de mais de 3000 empresários — são inquiridos, há anos, pelo

INE para o principal relatório sobre investimento em Portugal… Desculpe, Sr. Ministro, não é aceitável

desvalorizar e dizer que respeita, mas não iluda a realidade. A realidade é a que os empresários lhe dizem,

que é muito simples: o investimento, em 2014, já de si anémico, foi revisto em baixa e o de 2015, já de si

anémico, também foi revisto em baixa e é negativo. Isto não é uma questão de somenos.

A Sr.ª Presidente: — Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Sr. João Galamba (PS): — Termino, Sr.ª Presidente.

A prova cabal de que não há qualquer transformação estrutural e de que não há qualquer investimento que

aumente a capacidade produtiva do País está no facto de serem os próprios empresários a dizê-lo neste

inquérito do INE. Cito o que eles dizem: «O investimento deve-se apenas à tentativa de reposição de

capacidade produtiva». Ou seja, os empresários portugueses estão a tentar sobreviver a este Governo, não

estão a expandir, não estão a crescer, não estão a desenvolver, Sr. Ministro da Economia!

Ao fim destes quatro anos, para além da crise social que provocaram e que continuam a provocar, porque

os cortes sociais continuam, a única coisa que o Sr. Ministro conseguiu fazer foi provocar uma recessão. E

quando o Governo foi travado na austeridade, saíram da recessão mas não transformaram nada. Porquê? Um