I SÉRIE — NÚMERO 56
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grande altura de aperto financeiro, mas não têm faltado verbas justamente para a prevenção e para o combate
aos incêndios.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Oneto.
A Sr.ª Isabel Oneto (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Temos
estado a falar do modelo de financiamento das corporações de bombeiros e das alterações à estrutura do
sistema nacional de proteção civil através da definição dos patamares em que a estrutura deve assentar.
Gostava, tanto quanto possível, que aqui fosse referido qual é o critério do modelo de financiamento,
porque ele deve partir da estrutura em que vai assentar a própria proteção civil.
Portanto, este será talvez o momento de definir, por exemplo, a função do CADIS (comandante de
agrupamento distrital), nomeadamente pelo facto de estar isolado, porque não tem qualquer estrutura de apoio
à sua decisão, e isso tem efeitos que o Sr. Secretário de Estado, provavelmente, conhece. Relembro o que se
passou ainda há pouco tempo num incêndio em Amarante, em que, estranhamente, o grupo de reforço veio de
Amarante, em vez de vir de Aveiro. Mas é a lógica em que assentaram os agrupamentos interdistritais.
Sr. Secretário de Estado, é evidente que, primeiro, é preciso dizerem-nos quais sãos os critérios em que
assenta o modelo de financiamento dos corpos de bombeiros. E isso passa também por o Governo dizer aqui
que relação é que tem a Autoridade Nacional de Proteção Civil com o bombeiro. Quando o bombeiro sai do
quartel vai ou não vai em nome do Estado? Tem ou não tem poder de autoridade? Nós temos de clarificar esta
situação. E está aqui, talvez, a maior dificuldade. Não se podem estabelecer modelos de financiamento,
porque o modelo de financiamento é para financiar uma estrutura que, à partida, se sabe qual é e como se
organiza.
Se nós não definimos, de uma vez por todas, a relação que existe entre Estado, através da Autoridade
Nacional de Proteção Civil, e os corpos de bombeiros nunca conseguiremos chegar a uma definição sobre
responsabilidades. E é este o problema que se nota, ou seja, a questão da responsabilidade. Isto porque,
quando corre mal, a culpa é dos bombeiros; quando corre bem, é a Autoridade Nacional que fica com os
louros. Portanto, temos de começar por definir esta questão, obviamente assentando também na cartografia
de risco para que os bombeiros sejam financiados de acordo e com as necessidades dos riscos identificados
na sua área de intervenção, preferencialmente.
Estas eram as questões que gostava de deixar, apelando para que sejam respondidas, sobretudo qual é a
relação entre a Autoridade Nacional de Proteção Civil e o corpo de bombeiros. Até porque o Sr. Secretário de
Estado sabe que não é possível definir uma hierarquia de comando quando sobre ele não se tem poder
disciplinar — esta questão coloca-se, como se sabe, exatamente nesta matéria.
Já agora, Sr. Secretário de Estado, deixe-me só recordar-lhe que, em 2006, todas as corporações de
bombeiros do País, através dos governos civis, receberam equipamentos de proteção individual. Eu própria
distribuí-os na Escola de Transmissões, porque não havia sítio para os guardar no aeroporto. Portanto, nós
próprios participámos neste processo.
Uma outra questão que queria colocar tem a ver com o plano de formação. Sr.ª Ministra, apelo à sua
sensibilidade, nomeadamente nas questões de segurança, na medida em que, como nós sabemos, o sistema
nacional de proteção civil já tem hoje presença no sistema nacional de segurança interna, cujo conceito de
segurança interna já inclui, precisamente, a prevenção de acidente grave e de catástrofe. Portanto, há aqui um
cruzamento — e bem — dos dois sistemas na medida em que um ataque terrorista, por exemplo, pode ter o
mesmo efeito em termos de danos que uma catástrofe natural. Portanto, de acordo com o sistema, todos os
agentes de proteção civil serão chamados ao local, como, naturalmente, os bombeiros. A questão que se
coloca, Sr.ª Ministra, é a formação, também, dos bombeiros para situações de risco de segurança interna.
Nós procuramos sempre preparar os bombeiros para situações específicas de proteção civil, mas há que
atender às situações em que eles, no futuro, possam vir a ser chamados num quadro em que o teatro de
operações não é um acidente apenas natural, mas também um acidente provocado por um ato terrorista.
Portanto, nós temos também de pensar a formação — e eu não a vejo espelhada aqui neste plano
estratégico — entre treino conjunto, forças de segurança e agentes de proteção civil numa ótica de teatro de