19 DE MARÇO DE 2015
59
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Peço um pouco mais de serenidade, Srs. Deputados.
O Sr. João Ramos (PCP): — É preciso ter seriedade nas discussões aqui, na Assembleia da República!
Os senhores, que tanto falam em preocupação com a AHRESP e na valorização…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Srs. Deputados, um pouco mais de silêncio. Assim ninguém ouve
ninguém!
Aproveito para lhe dizer, Sr. Deputado, que já está fora do tempo.
O Sr. João Ramos (PCP): — Obrigado, Sr. Presidente. Vou terminar.
Os senhores têm tanta preocupação com a AHRESP, mas cumprir uma reivindicação da AHRESP isso não
fazem. Aquilo que têm feito, pelo contrário, e é de lamentar, é fazer campanhas dando a entender que todos
os empresários da restauração são uns burlões e vão atrás deles fazer campanhas com a comunicação social
para apanhar a questão das faturas.
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — Seja sério, Sr. Deputado.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Ramos (PCP): — Por isso, sérios não são os senhores. Exigia-se seriedade e respeito e o
mínimo que podiam fazer era aprovar estes projetos para que o IVA da restauração pudesse baixar para 13%.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira para uma
intervenção.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pelos vistos, ainda não foi desta.
Foi embora a troica, mas ficaram as políticas.
Sr.ª Deputada Elsa Cordeiro, a fraude e a evasão fiscais não são para aqui chamadas. Aliás, nem é preciso
ser especialista em Direito Fiscal para perceber que quanto maior for a taxa do imposto, maior é a tendência
de fuga e de evasão fiscais.
Sr. Deputado Hélder Amaral, o «peça a fatura», então, ainda é menos chamado para aqui. O Governo não
podia ter instaurado este processo do «peça a fatura» com a taxa do IVA em 13%?
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O Sr. Deputado ouviu alguma coisa do que eu disse ou estava
distraído?
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Onde é que estava escrito que era preciso a taxa estar a 23%
para pedir a fatura?
Sr. Deputado Hélder Amaral, é muito bonito ouvi-lo dizer que a AHRESP tem feito um bom trabalho, que os
peticionários têm razão, mas quando é altura de votar, o IVA vai manter-se na taxa dos 23%.
Só quero dizer aquilo que o Governo e esta maioria conseguiram com a taxa do IVA nos 23%:
encerramento de micro e pequenas empresas da restauração; extinção de milhares de postos de trabalho;
generalização dos pratos do dia na maior parte dos restaurantes, porque nas montras e nas portas dos
restaurantes, onde antes estavam os pratos do dia, agora pode ler-se «Para trespasse», «Fechado»,
«Encerrado», «Passa-se». Foi isto que o Governo conseguiu, para além de ter generalizado a marmita da
troica que agora, e já que a troica foi embora, deixou de o ser e passou a ser a marmita não do Sr. Deputado
Hélder Amaral, mas a marmita da maioria.