I SÉRIE — NÚMERO 63
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vivermos, como diz a Sr.a Deputada Heloísa Apolónia, no reino dos encantos, mas para também não vivermos
nem no reino da hipocrisia nem no reino da ilusão e, em termos de Disney, para não vermos a Alice no País
das Maravilhas mas também para não vermos o Pinóquio.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Como o Governo ainda dispõe de tempo para intervir, tem a palavra o Sr. Secretário
de Estado do Ensino Básico e Secundário.
O Sr. Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário (Fernando Reis): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e
Srs. Deputados: Gostaria de responder a algumas questões que aqui foram colocadas relativamente ao
conceito de escola inclusiva e, naturalmente, focar a nossa atenção nas medidas que temos tomado,
precisamente para valorizar a concretização do conceito de escola inclusiva.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — E a lei? Onde está a lei?
O Sr. Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário: — Nós centrámos a nossa atenção, em
primeiro lugar, nas medidas de apoio aos alunos com maiores dificuldades. Foi essa a nossa prioridade e a
prioridade da nossa política.
Não é por acaso que, no Decreto-Lei n.º 176/2012, de 2 de agosto, inscrevemos um leque muito
significativo de medidas necessárias para que as escolas possam concretizar e identificar as necessidades
nos primeiros anos e atuar, logo de início, com medidas preventivas e não de remediação. Portanto, a nossa
aposta é na prevenção e não na remediação. E esse conjunto de medidas surge não só no Decreto-Lei n.º
176/2012, como também no Decreto-Lei n.º 139/2012, que estabelece as novas matrizes curriculares e define
a gestão do currículo dos ensinos básico e secundário.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Depois da conceção deste conjunto de medidas, nós proporcionámos às escolas, através dos despachos
normativos de 2012, 2013 e 2014, um conjunto de créditos letivos e de critérios de concretização de créditos
letivos que permitem às escolas — tudo isto articulado com o reforço da sua autonomia e com a capacidade
de gestão que deve ser dada às escolas — poderem gerir melhor as medidas que resolvem, realmente, os
problemas detetados nos primeiros anos da aprendizagem.
Esta foi a nossa prioridade ao nível do ensino básico e secundário. No entanto, não esquecemos que há
um histórico e existem alunos com um passado de retenção e, naturalmente, também temos de trabalhar para
esses alunos.
Nesse sentido, diversificámos as ofertas e criámos os cursos vocacionais, que se dirigem precisamente a
alunos com mais de 13 anos, com duas ou mais retenções. São uma medida já de remediação, mas que se
destina a um público-alvo muito específico que já não pode ser detetado inicialmente, porque já tem um
problema, já está dentro dele, e a escola também tem de ter condições para a resolução desse problema.
Portanto, a resolução desse problema passa, para além das medidas iniciais de prevenção, de
identificação das necessidades, de atuação imediata e do reforço do número de psicólogos nas escolas, pelo
conceito alargado de escola inclusiva, naturalmente, com o conhecimento da realidade, pela educação
especial nas escolas, através da realização de estudos, da constituição de grupos de trabalho e, naturalmente,
através de um trabalho de avaliação externa que foi feito relativamente aos centros de recursos para a
inclusão.
Este conjunto de medidas concretiza bem a sequência e a coordenação que tem sido a linha condutora da
nossa ação.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Secretário de Estado.