I SÉRIE — NÚMERO 63
32
O ponto de vista essencial que aqui esteve em confronto foi o de duas visões sobre incentivos: uma visão
em que os incentivos devem, pura e simplesmente, ser desbaratados, e outra visão em que os incentivos
devem ser utilizados de forma a melhorar o sistema educativo.
A nossa visão é a de que os incentivos devem ser utilizados para melhorar o sistema educativo.
Reponhamos a verdade em relação a dois ou três pontos fundamentais que o Sr. Deputado Pedro Delgado
Alves não expôs corretamente.
Primeira questão: os créditos horários existem para todas as escolas e a autonomia de utilização dos
créditos horários para as escolas existe para todas as escolas.
Há uma autonomia acrescida para escolas que têm contrato de autonomia, que é uma autonomia de
gestão curricular de até 25% do currículo. Mas todas as outras formas de autonomia existem para todas as
escolas.
O que acontece é que existem créditos adicionais que são dados às escolas em função de um conjunto de
critérios e em que os resultados das escolas são importantes.
Mas, Sr. Deputado, a questão de fundo é a seguinte: uma escola que tem maus resultados pode ter mais
créditos horários do que uma escola que tem bons resultados se essa escola mostrar uma tendência de
subida. Só esse facto significa que a escola está a trabalhar no bom sentido e, por isso, são-lhe dados créditos
adicionais em função do projeto que a escola tem. Esta é a nossa visão em relação à escola.
A segunda questão fundamental é a de que as vias profissionalizantes não devem ser vistas como uma
medida de segunda oportunidade para as pessoas. As vias profissionalizantes são vias que são a primeira
oportunidade para estudantes que, em determinada altura da sua vida, precisem e estejam vocacionados para
o ensino mais prático. Mas o que é fundamental no nosso sistema é que há a possibilidade de, a qualquer
momento, os estudantes inverterem e trocarem de via e irem para a via científico-humanística.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Era bom que não tivessem!
O Sr. Ministro da Educação: — O sistema vocacional que foi introduzido e que, neste momento, estando
ainda na fase de lançamento, atinge cerca de 25 000 alunos, foi fundamental para reduzir o abandono escolar,
foi fundamental para recuperar alunos, foi fundamental para acelerar o seu progresso educativo e está a ser
fundamental para lhes dar uma via de sucesso.
O sistema vocacional que existe caracteriza-se por uma ligação muito grande entre a escola e a empresa,
em que a empresa contribui para a educação dos jovens, fomentando-lhes mais do que estágios, participando
no desenho do currículo, participando na garantia de que essas vias vocacionais vão ter uma saída
profissional.
O que existia no ensino básico até há pouco tempo eram os CEF (cursos de educação e formação), que
eram ofertas desestruturadas, dadas precisamente aos estudantes com dificuldades. Ora, aquilo que fizemos
foi no sentido de, em vez de haver ofertas desestruturadas, escondidas, haver claramente uma via estruturada
que fornecesse um caminho para os jovens.
Não fomos, pois, nós que inventámos os CEF, eles já existiam. As vias desestruturadas para os jovens já
existiam, mas eram isso mesmo, ou seja, vias desestruturadas.
O que os cursos vocacionais fizeram foi estruturar essas vias e dar-lhes possibilidades de sucesso,
possibilidades essas que aumentam com o facto de existirem no ensino superior politécnico os cursos técnicos
superiores profissionais.
Faço um parênteses para referir o problema do financiamento do ensino superior, que foi tão questionado
aqui.
Sr.ª Deputada, isto é muito claro. A Sr.ª Deputada, na segunda-feira, pergunta «quando é que é
domingo?», na terça-feira, pergunta «quando é que é domingo?», na quarta-feira pergunta «quando é que é
domingo? O Governo nunca mais chega a domingo!»…
Sr.ª Deputada, isto é muito claro. Nós, no ano passado, seguimos um determinado sistema e cumprimos
aquilo que dissemos. Este ano, temos exatamente o mesmo sistema e vamos cumprir aquilo que dissemos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Não cumpriram, não!