26 DE MARÇO DE 2015
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muita coisa em dois sectores em que, penso, o Governo esteve francamente bem: o turismo e a agricultura.
Porém, como não podia deixar de ser, pode haver divergências.
De qualquer maneira, vou abordar uma questão muito importante, que é a das quotas leiteiras.
Não podemos responder a tudo, mas para que esta situação fique bem clara, direi que, provavelmente, a
sua mensagem era em relação ao Partido Socialista, uma vez que, como o Sr. Deputado sabe, foi o Partido
Socialista que, em 2008, através da votação favorável do Governo português, acabou com as quotas.
Provavelmente, está recordado disso.
Recordo-lhe ainda que, em 2002, o então Ministro da Agricultura, Sevinate Pinto, bateu-se para que isso
não acontecesse. Mas, enfim, a situação que hoje temos é esta.
O que é que aconteceu, entretanto? Uma vez tendo sido vencido em Bruxelas, o que é que o Governo fez
para resolver esta situação do leite? Sr. Deputado, recordo: implementação da contratação obrigatória; ajudas
ligadas ao leite, como sabe; organização da produção — hoje, nos novos quadros comunitários, é fundamental
a organização da produção —; reforço das estruturas vocacionadas para a autorregulação.
Chamo a sua atenção para o facto de, em termos de futuro, serem muito importantes as organizações
interprofissionais e, ainda, a distribuição mais equitativa através da PARCA (Plataforma de Acompanhamento
das Relações na Cadeia Agroalimentar).
Gostava, ainda, de referir dois aspetos que me parecem muito importantes. Estamos a olhar para o futuro e
este passa, fundamentalmente, por duas situações em que o Governo português tem mostrado uma grande
dinâmica em relação a Bruxelas. Refiro-me, por um lado, ao Observatório Europeu do Mercado do Leite, no
sentido de haver uma missão de prevenção para evitar que possa haver desequilíbrios muito grandes, e, por
outro lado, como também sabe, em termos de segurança, continuamos, neste momento, a lutar por algumas
alterações fundamentais, designadamente um mecanismo regulador que evite algumas situações mais difíceis
em relação aos produtores mais pequenos.
A Sr.ª Presidente: — Queria concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Queria ainda dizer que as posições do Partido Comunista são incompatíveis
com a União Europeia e era preciso que o Sr. Deputado dissesse aqui claramente que o Partido Comunista
quer sair da União Europeia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Queremos beber leite nacional!
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Esse é o grande problema. Nós queremos manter-nos na União Europeia e é
altura de o Partido Comunista dizer claramente aqui, no Plenário, que quer sair da União Europeia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Lynce, agradeço as questões que
colocou.
Efetivamente, o PCP apresenta dois temas na sua declaração política, os quais, na nossa perspetiva, têm
muito em comum: há muita propaganda em torno deles e a propaganda que se faz pelo Governo esconde uma
realidade nacional que nada tem a ver com o discurso e que, em muitos casos, é dramática.
O Sr. Deputado lembrou a responsabilidade do PS em relação à agricultura, nomeadamente quanto ao
leite. Não descarto essa responsabilidade. Aliás, o PCP, sempre que é necessário, relembra quem tem
responsabilidades relativamente às diferentes matérias. Mas os senhores chegaram ao Governo há quase
quatro anos e não os vi retrocederem em relação às posições do PS quanto a um conjunto de matérias.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!