I SÉRIE — NÚMERO 65
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O Comissário da PSP, perguntado sobre a base legal da ação que protege, não sabe de nada —
«Perguntem à Câmara», é a resposta.
Sr.as
e Srs. Deputados: Quem ali vive é pobre, tem pouca instrução, mas são cidadãos e cidadãs como os
outros, têm o direito a serem informados e, sobretudo, a tomarem conhecimento da decisão e da base legal
que legitima a força da retroescavadora.
É como se existisse uma espécie de lotaria sobre quem vai perder a casa a seguir.
Hoje mesmo, uma moradora perguntava se a casa seria demolida hoje. Tinha de ir trabalhar, não podia
perder um dia de salário. Perguntava, simplesmente: «A minha casa é a seguir?». Ninguém lhe respondeu!
Isto será admissível, Sr.as
e Srs. Deputados?!
Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, basta subir o morro, porque o bairro é num morro, e percebemos que
interesses mais altos se levantam para aquele local — basta olhar para a vista! —, onde, muito provavelmente,
nascerá uma urbanização de luxo.
O Provedor de Justiça já tomou posição sobre esta situação e foi muito claro ao apontar o conflito de
interesses em jogo.
Diz o Provedor, e passo a citar: «revestir-se-ia de toda a utilidade que nos elucidasse…» — a Presidente
da Câmara Municipal — «… acerca das razões de interesse público que possam justificar que, no atual
contexto económico, em que todos os programas de apoio social se encontram suspensos, se opte pela
erradicação de todo o bairro em detrimento da sua reconversão».
Mais: o Provedor de Justiça recomenda a suspensão das demolições, que começaram — é preciso
lembrar! — em pleno inverno.
A Câmara Municipal da Amadora revela uma total insensibilidade social em todo este processo.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Mas na hora de receber o IMI (imposto municipal sobre imóveis) nunca o
recusa!
Insensibilidade social e desrespeito pelo Provedor de Justiça e pelas suas recomendações. A Presidente
da Câmara respondeu laconicamente ao Provedor, afirmando que, e passo a citar, «a comunicação mereceu a
melhor atenção, designadamente no que diz respeito às sugestões apresentadas por V. Ex.ª relativamente ao
núcleo habitacional do bairro de Santa Filomena».
A atenção dada pela Câmara da Amadora às recomendações do Provedor é a continuação das
demolições. É uma vergonha, Sr.as
e Srs. Deputados!
Não há palavras suficientes para descrever aquilo a que assistimos hoje no bairro de Santa Filomena, na
Amadora.
E nós, Deputados e Deputadas, vamos fingir que não acontece nada ou, pelo contrário, tomamos uma
posição contra esta situação que envergonha a democracia?! Há cidadãos e cidadãs que esperam pela nossa
palavra e espero que, hoje, essa palavra seja dada.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Helena Pinto, inscreveram-se para pedidos de esclarecimento, os Srs.
Deputados Rita Rato, Carlos Santos Silva, Celeste Correia e João Gonçalves Pereira.
Não sei de que modo pretende responder…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Responderei dois a dois, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Muito bem, Sr.ª Deputada.
Assim sendo, tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Helena Pinto, trouxe aqui hoje uma situação da
maior gravidade, que exige a condenação por parte da Assembleia da República daquilo que se está a passar