26 DE MARÇO DE 2015
35
O Bloco tem iniciativas, nós bem sabemos! E é claro que, no dia 15, quando se fizer o debate destas
medidas, não só vão poder conhecer antecipadamente as propostas do PSD e dos outros grupos
parlamentares, como vão poder participar desse debate.
É isso que os portugueses esperam dos senhores e das senhoras! Não é uma crítica militante, sem nunca
reconhecerem o mérito do que vai sendo conseguido. Isso acaba por ser insultuoso para os próprios
portugueses.
Em relação à pergunta do Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila, é claro que há sinais muito positivos e se eu
tivesse de os explicar não faria melhor do que o que acabou de dizer. Há um ano, estávamos a discutir se
saíamos deste Programa de Assistência Económica e Financeira com um plano cautelar ou com qualquer
outra coisa e hoje estamos a discutir quanto é que vamos crescer.
O que é mais curioso é que quando o Governo fez as projeções, que eram apenas projeções, todos nos
acusaram de ser demasiado otimistas. Na realidade, todas as instituições se estão a aproximar de nós e até a
prever crescimentos superiores àquele que era o nosso crescimento de partida.
Portanto, isso enche-nos de confiança, como nos enche de confiança quando vamos aos mercados e as
taxas de juro são as mais baixas de sempre, como nos enche de confiança quando sabemos que as agências
de notação estão a melhorar as perspetivas da economia portuguesa. Não as alteraram ainda, bem o sei,
estão à espera, provavelmente, do impacto das eleições e, como diz o Conselho de Finanças Públicas, estão
à espera para ver se com um passe de mágica alguns partidos se apresentarão às eleições com a narrativa de
«basta reverter as medidas de austeridade que a economia cresce fulgurantemente e a dívida nunca mais
excede os 3% do PIB».
Sr. Deputado, acredito que este é o caminho. Acredito que é um caminho ainda cheio de obstáculos, mas
acho que hoje, com as várias mensagens que temos, podemos estar com mais esperança do que a que
tínhamos no ano passado. Nós, seguramente, estamos!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mónica Ferro,
cumprimento-a pelo tema que aqui trouxe, que é bem importante e relevante.
É muito positivo e desejável termos esperança e também não fujo ao desafio que nos colocou. É positivo
que alguns índices estejam melhor, mas importa também falarmos do País real. E se alguns índices estão
melhor, há imensos que estão pior, nomeadamente quase todos os que dizem respeito à vida das pessoas e
ao País real.
Tenho pena que a Sr.ª Deputada não os tenha abordado. Tenho pena que a Sr.ª Deputada não tenha dito
que o PIB regrediu para valores de há quase uma década. Tenho pena que não tenha referido que o
crescimento das exportações está em franca desaceleração e ao nível de há duas décadas.
Claro que é importante o crescimento das exportações. Claro que é importante estarmos a falar de
crescimento, ainda que pequeno, mas não é sério iludirmos a regressão do PIB para valores de há duas
décadas e a desaceleração das exportações. Também é preciso, nesse debate sério, que todos temos de ter e
a que a Sr.ª Deputada apelou e bem, referir que o investimento regrediu para valores de há quase três
décadas, que a emigração atingiu números da década de 60 e que se olharmos para a taxa de desemprego,
para os desencorajados e para os inativos temos quase 20% da população desempregada. É preciso referir
também que a Comissão Europeia nos diz, com preocupação, que o desemprego em Portugal pode estabilizar
em níveis muito elevados e que nós tivemos — é uma causa importante e que a Sr.ª Deputada destacou —
um dos maiores aumentos no fosso salarial entre mulheres e homens.
É preciso dizer que tivemos uma das maiores quedas salariais e de perda de rendimento disponível entre
todos os portugueses, que aumentou o fosso entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, que aumentou o
número de crianças e jovens em risco de pobreza, que temos mais meio milhão de portugueses em risco de
pobreza, para já não falar que temos, Sr.ª Deputada, um abandono escolar precoce que aumentou, problemas
nos hospitais e problemas nos sistemas informáticos da justiça e da educação com reflexo na vida das
pessoas.