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I SÉRIE — NÚMERO 65

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Por isso, Sr.ª Presidente, termino como comecei.

Sr.ª Deputada, de facto, alguns índices podem estar melhor, mas há muitos que estão muito pior,

designadamente quase todos aqueles que dizem respeito à vida das pessoas.

A pergunta que cada português coloca a si próprio é se a sua vida está melhor ou está pior e, Sr.ª

Deputada, a pergunta que lhe coloco é a seguinte: não acha que também devia abordar estes temas e estes

assuntos nas suas intervenções e não apenas trazer-nos, ainda que com esperança, uma visão em que

parece que está tudo bem?

De facto, não é o País real aquele que a Sr.ª Deputada aqui nos trouxe.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Paula Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mónica Ferro, ninguém está

à espera, obviamente, quando faz as citações de Mário Draghi, por exemplo, que sejam citações que venham

dizer quais foram os problemas e as consequências negativas das políticas que impuseram ao nosso País nos

últimos quatro anos. Obviamente que isso não iria acontecer, como, aliás, o PSD e o CDS-PP continuam a

não reconhecer as consequências desastrosas da vossa política nas condições de vida dos portugueses.

Sr.ª Deputada, a realidade é que estamos perante um Governo derrotado em que quer o PSD, quer o CDS-

PP, quer os próprios membros do Governo se desdobram em intervenções públicas para procurar esconder

aqueles que são os verdadeiros problemas que o País e os portugueses hoje têm na expectativa que, dessa

forma, se resolvam.

Mas os problemas não se resolvem só porque se esquecem. Os problemas não se resolvem porque, pura

e simplesmente, se ignoram, como a Sr.ª Deputada fez na sua intervenção. A verdade é que procuram vender

ilusões para tentarem evitar uma derrota que será inevitável para o PSD, para o CDS-PP e para este Governo.

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Isso vamos ver!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Deputada, vou falar-lhe da realidade concreta da vida dos portugueses,

da realidade que é o desemprego, que é a emigração, que é o empobrecimento, que foram os cortes nos

salários, nas prestações, que são cada vez mais as dificuldades no acesso às funções sociais do Estado.

Sr.ª Deputada, as questões que lhe queria colocar são as seguintes: o que é que a Sr.ª Deputada tem a

dizer aos trabalhadores que estão em situação de desemprego e que são milhares no nosso País? Onde é

que o País está melhor nesta situação?

Sr.ª Deputada, onde é que o País está melhor quando milhares e milhares de portugueses não acedem aos

cuidados de saúde? E posso dar-lhe muitos exemplos do porquê desse facto: o aumento brutal das taxas

moderadoras, a retirada dos transportes de doentes não urgentes. Há 1 300 000 portugueses sem médico de

família, quando este Governo prometeu que iria atribuir médico de família a todos os portugueses — promessa

não cumprida.

O que é que tem a dizer às famílias que perderam o abono de família? Estamos a falar de milhares de

crianças do nosso País que, pura e simplesmente, perderam o abono de família e que, muitas delas, viram o

abono de família cortado. Sr.ª Deputada, é assim que o País está melhor?

A Sr.ª Deputada diz que o País está melhor, mas a realidade concreta da vida de milhares de

trabalhadores, de reformados e de jovens do nosso País é que está cada vez pior.

Sr.ª Deputada, a última questão que gostaria de lhe colocar, nessa sua tese e retórica de que o País está

melhor, é no sentido de saber quais são as propostas que o PSD e o CDS-PP têm para o Programa de

Estabilidade e Crescimento que terão de apresentar brevemente.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mónica Ferro para responder.