I SÉRIE — NÚMERO 66
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Desde há várias décadas que a presença norte-americana na Base das Lajes tem vindo a criar
objetivamente uma situação de grande dependência da população e da economia da ilha Terceira
relativamente à sua presença, na medida em que a Base constitui o maior empregador daquela ilha.
Numa relação bilateral que tem sido muito marcada pelo unilateralismo, em que têm prevalecido as
decisões unilateralmente tomadas pela administração norte-americana, cria-se uma situação, de facto, de
grande vulnerabilidade perante decisões como aquela com que estamos agora confrontados, o que exige, da
parte do Estado português, muita atenção a esta situação e muita atenção às consequências sociais que dela
decorrem.
Já aqui foi dito que o momento não é de confrontação, e de facto não é. Seria absurdo que alguém viesse
aqui assumir ou defender, a qualquer nível, uma atitude de confrontação com as autoridades norte-
americanas. Não se trata disso, mas trata-se de assumir firmeza negocial e de o Estado português confrontar
as autoridades norte-americanas com as responsabilidades que também devem assumir relativamente às
consequências que as suas decisões, que não questionamos, porque são soberanas e legítimas, tenham
relativamente aos envolvidos.
Portanto, há que exigir que sejam assumidas responsabilidades para com os trabalhadores que venham a
ser dispensados e para com as suas famílias. É também exigível um comprometimento com a criação de
alternativas económicas e sociais para a população da ilha Terceira.
O projeto de resolução que o PCP aqui propõe passa, naturalmente, pela exigência do desenvolvimento de
uma atuação firme, no plano diplomático, nas negociações que é necessário levar a cabo com as autoridades
norte-americanas. Passa, também, por uma conjugação de esforços a todos os níveis: ao nível nacional,
porque é, de facto, um problema nacional; ao nível regional, tendo em conta que estamos a falar de uma
região autónoma, que tem os seus órgãos de governo próprios; e também ao nível local, com as autarquias
envolvidas. Isto para que cada um, com o seu nível de responsabilidade, se comprometa na criação de
alternativas económicas viáveis para a economia da ilha Terceira, mas também se comprometa na adoção das
medidas de apoio social que são indispensáveis para a população e para os trabalhadores que são afetados
por esta decisão.
Pensamos também que se impõem medidas de acompanhamento desta situação para que nem o poder
local, nem o poder regional, nem os órgãos de soberania da República fiquem entregues apenas a si próprios
na gestão deste problema, mas que haja um acompanhamento comum para que possa haver uma troca de
sugestões, uma troca de experiências e uma cooperação frutuosa entre os vários níveis de poder.
Para isso, a nossa proposta é no sentido de que seja criada, por iniciativa do Governo da República, em
conjugação com o Governo Regional e com os órgãos de poder local, uma comissão de acompanhamento e
de monitorização das medidas a implementar com vista a minorar as consequências da situação que está
criada.
Pensamos que se justificava também, no plano da Assembleia da República, em conjugação com a
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que pudesse haver algum mecanismo de
acompanhamento desta situação, tendo em conta que há aqui responsabilidades partilhadas ao nível regional
e ao nível nacional.
Entendemos que, nesta matéria, se deve procurar o máximo consenso entre todas as bancadas
parlamentares e achamos que se devia fazer um grande esforço para que desta Assembleia saísse um texto
comum que todos pudessem subscrever. Isso seria importante, quer nas negociações bilaterais que é
necessário fazer, quer na assunção do comprometimento que é necessário para com as populações da ilha
Terceira e da Região Autónoma dos Açores.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa regista uma inscrição do CDS-PP para a coapresentação do projeto de
resolução conjunto com o PSD.
Te, pois, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Queria começar por saudar todos
os grupos parlamentares pela apresentação de um projeto de resolução sobre a Base das Lajes.