10 DE ABRIL DE 2015
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reconhecer que é necessário preparar o futuro investindo na educação, na saúde, na segurança social ou na
cultura?
Ninguém ouviu nada disso ao Governo porque não é esse o plano a que querem amarrar o País. O plano a
que o Governo quer amarrar o País é o plano de continuação da política da troica.
A situação do País não é o que diz a propaganda do Governo e a saída para a grave crise nacional não
está na continuação da política de direita que a trouxe, não está na continuação da política dos PEC e da
troica; a solução para os problemas nacionais está numa política alternativa, patriótica e de esquerda.
O País precisa de renegociar a dívida pública, nos seus prazos, juros e montantes para se libertar desse
garrote e para ter recursos para fazer a política alternativa que resolva os problemas nacionais.
O País precisa de se desvincular da chamada «governação económica» e do tratado orçamental e precisa
de estudar e preparar-se para a libertação da submissão ao euro.
Portugal precisa de defender os setores produtivos e a produção nacional e garantir o controlo público dos
setores básicos e estratégicos da economia, designadamente da banca.
Portugal precisa de valorizar o trabalho e os trabalhadores, através de uma justa distribuição do
rendimento, assente na valorização dos salários, no pleno emprego, na defesa do trabalho com direitos, no
aumento das reformas e pensões, no combate ao desemprego e à precariedade.
Portugal precisa de defender os serviços públicos, as funções sociais do Estado na saúde, na escola
pública, na segurança social, um serviço público de cultura.
Para concretizar essa política alternativa o País precisa de renegociar a dívida, mas precisa também de
uma política fiscal mais justa, adequada às necessidades de desenvolvimento económico e social do País e
que assegure o financiamento do Estado e o investimento público. Uma política fiscal alternativa que rompa
com o favorecimento e os privilégios da banca e dos grupos económicos e alivie os impostos sobre os
trabalhadores, o povo, as micro, pequenas e médias empresas.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — A solução para os problemas nacionais está numa política alternativa e,
como foi dito no início desta interpelação, o PCP apresentará um projeto de resolução que concretize essa
política alternativa.
Traremos esse projeto ao confronto com o Programa de Estabilidade do Governo, não porque tenhamos
ilusões quanto à possibilidade de o Governo aceitar as propostas do PCP mas porque essa é uma obrigação
que assumimos com os trabalhadores e o povo e não deixaremos de a cumprir.
Aplausos do PCP.
Deste Governo PSD/CDS não esperamos, nem nunca esperámos, nada, mas temos uma inabalável
confiança nos trabalhadores e no povo português e na sua capacidade de encontrarem o caminho que rompa
com a política de direita e conduza o País a um futuro de progresso, desenvolvimento e justiça social.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Este debate acabou por
ser bem mais sobre aquilo que passou do que sobre aquilo que queremos para a frente. Mas, como o que
passou é muito fértil e útil em lições que devemos retirar para futuro, o debate foi, efetivamente, útil, ainda que
não o classificasse, necessariamente, como muito construtivo. Ainda assim, não deixaremos de continuar a
tentar.
O Governo herdou, de facto, uma situação muito difícil em 2011 e, ao longo destes anos, teve de conviver,
permanentemente, com uma total falta de colaboração de toda a oposição. As previsões foram sempre
catastrofistas, nunca, em momento algum, o Governo apresentou um dado positivo, e houve muitos,
felizmente, ao longo destes anos, que a oposição não tivesse tentado destruir — ou descredibilizando a fonte,