I SÉRIE — NÚMERO 71
42
ou minimizando a importância —, mas nunca, nunca, acompanhando o Governo, mesmo quando era
manifesto que os resultados eram positivos para os portugueses.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Tenho alguma dificuldade em conciliar isto com uma
suposta defesa dos interesses nacionais.
A verdade é que previram um segundo resgate, uma espiral recessiva. Depois, previram a saída com um
programa cautelar, porque era impensável ser noutros termos.
O Sr. João Galamba (PS): — Foi o Primeiro-Ministro! Se não cortássemos 4000 milhões!…
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Como não houve um segundo resgate nem houve
necessidade de um programa cautelar, à falta de melhor argumento, dizem que saímos, mas é como se não
tivéssemos saído porque as políticas são as mesmas.
Vozes do PCP: — É verdade!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Portanto, mais uma vez, independentemente do que se
consiga e das vantagens que isso traga para os portugueses, a oposição insiste em não o reconhecer.
A verdade é que muitas coisas melhoraram, mas também é verdade que o País continua a ter dificuldades
e desafios. A dimensão dos desequilíbrios que foram acumulados desde a adesão ao euro precisa de tempo
para ser corrigida. Não é possível, nunca, em nenhuma circunstância, fazê-lo em três ou quatro anos, muito
menos quando temos de fazer um ajustamento desta dimensão num cenário de recessão e de crise
internacional. É que uma coisa é ajustar quando à nossa volta tudo corre bem, outra é ajustar quando os
nossos principais parceiros também têm dificuldades, quando a falta de confiança é generalizada, quando a
crise é global e não apenas nacional.
Ainda assim, Portugal foi capaz de dar a volta e foi capaz de se situar hoje num ponto em que,
efetivamente, estamos a discutir se o crescimento é muito ou pouco, se o desemprego desceu muito ou pouco.
A verdade é que estamos a discutir crescimento e estamos a discutir trajetórias de descida do desemprego.
Isto faz toda a diferença! Já não estamos a discutir recessão, já não estamos a discutir o que discutíamos
antes.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Galamba (PS): — Está a aumentar, agora!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Mas pedimos à oposição contributos para a elaboração do
Programa Nacional de Reformas e, já o referi aqui, o PCP e Os Verdes optaram por não dar contributos,
porque entendem que discordam de todo aquele que é o quadro europeu e preferem dar os seus contributos
num outro formato. Respeitamos!
O Partido Socialista mandou-nos Uma Agenda para a Década 2015-2024, esclarecendo, na carta que a
capeava, que são os projetos para os próximos 10 anos. Bom, foi este o valor acrescentado que o PS
entendeu enviar, em resposta à carta que remeti, como contributo para o Programa Nacional de Reformas.
Ainda assim, enviei hoje mesmo uma nova carta, convidando os partidos para uma reunião na próxima
terça-feira, para termos, mais uma vez, oportunidade de recolher contributos e ouvir opiniões, antes de o
Governo aprovar os documentos que têm de ser remetidos a Bruxelas este mês. E, no dia 22, antes de esses
documentos serem remetidos, viremos aqui, a este Parlamento, apresentá-los e debatê-los.
Portanto, independentemente da falta de vontade de colaboração da oposição, o Governo continuará a
insistir, na esperança de que alguma coisa saia desse lado. Podemos perguntar-nos se não sai por receio de
ser copiado ou se não sai porque não há nada para sair, e inclino-me mais para a segunda hipótese.