17 DE ABRIL DE 2015
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Ministro: Para este ser um debate
sério é preciso que o Sr. Ministro assuma as consequências das medidas que está a tomar.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Para ser um debate sério seria preciso que a Sr.ª Deputada falasse de
forma séria!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E para este ser um debate sério é preciso que PS, PSD e CDS assumam que
se deve exigir, no imediato, o reforço do número de técnicos da segurança social nas comissões ou este
Governo vai ser sempre responsabilizado pela violação de direitos fundamentais.
Lembramo-nos de quando o Sr. Ministro era Deputado e acusava o Partido Socialista de dizer que, face à
falta de técnicos, isto iria lá com parcerias locais. Nós lembramo-nos disso, e é exatamente por nos
lembrarmos disso que, desde 2011, andamos a apresentar propostas nesta Casa para o reforço do número de
técnicos, exatamente porque o problema não começou agora. Naturalmente que é pelo envio de técnicos para
a requalificação que este processo veio a ser agravado. O Sr. Ministro é responsável por ter enviado para a
requalificação a presidente de uma CPCJ que acumulava trabalho noutra CPCJ. Por isso, também não é
novidade nenhuma que venha dizer que os processos vão estar em conjunto. Há técnicos da segurança social
que acompanham várias CPCJ, não estão apenas a tempo inteiro numa única CPCJ.
Portanto, Sr. Ministro, entendemos que é inaceitável continuar este caminho de desresponsabilização da
segurança social e de atirar esta responsabilidade para as IPSS. Isso coloca em causa um modelo único,
nacional e uniforme na proteção de crianças.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Isso coloca em causa um sistema público da proteção dos direitos da criança, e
nós nunca poderemos aceitar essa solução.
O Sr. Ministro nada disse e esse é um sinal da sua conivência com o e-mail que o Conselho Diretivo da
Segurança Social enviou aos representantes da segurança social nas comissões, impedindo a sua
participação numa reunião. Que raio de democracia é a sua, Sr. Ministro, que impede, através do Conselho
Diretivo do ISS (Instituto da Segurança Social), a participação dos representantes? Do que é que tem medo,
Sr. Ministro? Por que é que tem medo que as pessoas discutam e falem dos seus problemas?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Quem tem medo é porque teme as consequências do que anda a fazer e da
redução que anda a promover dos técnicos da segurança social.
Por isso, entendemos, de facto, que na conclusão deste debate fica mais uma vez assumido que o
Governo não quer resolver o problema, porque um Governo que despede técnicos da segurança social não
pode depois vir dizer que a solução é a de que, com o dinheiro que vier da União Europeia, quando vier e se
vier, as IPSS se desenrasquem a contratar técnicos. Isto não é solução.
Exatamente porque este é um debate sério e estamos a falar de direitos fundamentais das crianças é que
não pode ser essa a solução. Só um sistema público, com os técnicos da segurança social adequados, com
equipas multidisciplinares, poderá assegurar a proteção cabal dos direitos da criança. É exatamente porque
este é um assunto sério e é uma matéria de direitos constitucionais que o Governo tem a obrigação de cumprir
o que está na lei e de assegurar os técnicos adequados.
É exatamente por isso que entendemos que o Governo fala do futuro dos jovens porque está já a destruir o
seu presente. Quem fala do futuro, invocando o futuro como o amanhã que virá, é aquele Governo que está
hoje a destruir as condições de funcionamento das CPCJ, e o PCP nunca poderá acompanhar essas medidas.
Por isso, Sr. Presidente, termino, dizendo o seguinte: atirar as responsabilidades para as IPSS, ao mesmo
tempo que despede técnicos e destrói a segurança social pública, vai obrigar o Governo a assumir as