I SÉRIE — NÚMERO 81
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Protestos do PS.
Mas, depois de tudo isto, conseguem produzir um documento de 100 páginas, que dizem ser um
documento para a década, para os próximos 10 anos, em que traçam cenários miríficos sobre os quais foi
pedido que fundamentem, sustentem e submetam ao escrutínio da UTAO, para aí serem escrutinados, e, os
senhores dizem logo «não, senhor, até parece que já somos governo, não temos de fundamentar nada».
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Irei concluir, Sr.ª Presidente.
Vou concluir, dizendo o seguinte: esse documento e todos esses cenários que os senhores traçam
assentam num único facto real. É que tudo o que os senhores aí dizem assenta na governação agora feita,
nos números deste Governo, na descida do desemprego, no controlo do défice, no crescimento da economia,
no crescimento da produtividade.
Portanto, a pergunta que deixo aqui ao Partido Socialista e à qual alguém deveria responder, para os
portugueses saberem, é a seguinte: andou o Partido Socialista, durante estes quatro anos, a mentir aos
portugueses, ou não? É que se diz que tudo o que este Governo fez foi mau e destruiu o País, como é que
assenta um documento de 100 páginas, um programa de governação, num cenário sustentado pelos feitos
positivos e pela governação positiva deste Governo durante quatro anos? Afinal, qual é a verdade do Partido
Socialista?
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O Sr.
Ministro continua a não dar a esta Assembleia os dados que comprovam que 70% dos estágios terminam num
contrato sem termo.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Por isso, mais uma vez, somos obrigados a concluir que esses são números
forjados e que é pura propaganda do Governo, que nada faz para combater o desemprego e a precariedade.
Aplausos do PCP.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Ministro, na verdade, a marca deste Governo é a do desemprego, é a dos baixos salários, é a do
aumento do horário e da diminuição do salário, é a da generalização da precariedade e do trabalho não
remunerado, é a de mais de 250 000 jovens que desaparecem das estatísticas do desemprego não porque
tenham encontrado emprego com direitos mas porque estão ocupados em formações e estágios profissionais,
é a de mais de 80 000 trabalhadores desempregados que, a custo zero, garantem o funcionamento de
serviços públicos neste País. Esta é verdadeiramente a marca deste Governo: a do empobrecimento e a da
exploração.
Por isso é que, desde 2011, desde que este Governo tomou posse, os salários na Administração Pública
desceram 26% e os salários no setor privado desceram 13%. É esta a marca deste Governo, a marca do
retrocesso e da desvalorização do trabalho. Por isso é que dizemos que este Governo não quer combater o
desemprego. Este Governo quer substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos.
É que, Sr. Ministro, para o PCP, a alternativa ao desemprego não são os estágios, a alternativa ao
desemprego não é a precariedade; a alternativa ao desemprego é o emprego com direitos, é a produção
nacional, é o desenvolvimento do País. É exatamente o contrário daquilo que este Governo está a fazer.