2 DE MAIO DE 2015
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Aplausos do PCP.
Por isso é que continuaremos sempre a defender soluções contrárias a isto. É preciso e urgente um
caminho de valorização do trabalho, que a cada posto de trabalho permanente corresponda um vínculo de
trabalho efetivo, que seja impossível e que seja proibido o recurso a falsos recibos verdes, a Contratos
Emprego-Inserção, a estágios profissionais, a contratos a prazo, quando se trata efetivamente de um posto de
trabalho permanente.
É urgente, Sr. Ministro, que a ACT tenha os inspetores de acordo com os rácios da OIT. Portugal não
cumpre os rácios da OIT.
O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Faltam 150 inspetores de trabalho, o Sr. Ministro sabe disso e convive bem com
os atropelos à lei, convive bem com a selvajaria que hoje se vive nos locais de trabalho, de chantagem, de
pressões, de ilegalidades sobre os trabalhadores.
Por isso mesmo, o Governo e o patronato são responsáveis por esse clima de violação de direitos
fundamentais dos trabalhadores.
Sr. Ministro, os trabalhadores não aceitam e o País não aguenta mais desemprego e mais precariedade. É
urgente uma outra política. Por isso mesmo, Sr. Ministro, contra tudo aquilo que o Governo está a fazer ao
País, de retrocesso, de exploração, de retrocesso civilizacional, amanhã, no dia em que se comemoram os
125 anos do 1.º de Maio e a luta pelas 8 horas de trabalho, os trabalhadores vão sair à rua com uma imensa
confiança e esperança de que este País merece melhor e tem necessidade de um outro governo e de uma
outra política. Há força suficiente para derrotar este Governo e esta política. Os trabalhadores e o povo hão de
fazê-lo.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Moura Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro: Os números oficiais
podem não agradar ao Governo mas não vale a pena estar sempre a martelar os números oficiais que
existem. A integração dos estagiários é de 70%?! Sr. Ministro, são dados do IEFP a dizer que é de 30% a
percentagem de estagiários que são contratados pelas empresas. Vou fazer-lhe chegar estes dados, que são
dados oficiais, Sr. Ministro. Tenha rigor com o Parlamento, não martele os números!
O Sr. Primeiro-Ministro também diz que, em Portugal, os custos do trabalho são muito elevados. Sr.
Ministro, o Sr. Primeiro-Ministro não conhece o Eurostat? Não conhece os dados que existem e que mostram
que, em Portugal, o custo do trabalho é menos de metade do custo do trabalho na União Europeia, que é
quase metade do custo do trabalho em Espanha? E os senhores querem continuar a baixar o custo do
trabalho em Portugal?! Já temos salários na ordem dos 500 €, em média, Sr. Ministro! Vou pedir à Mesa que
faça chegar ao Sr. Ministro estes dados.
Falou também do programa Reativar. Este programa, Sr. Ministro, é uma vergonha. É um programa de seis
meses, até às eleições, em que as pessoas vão ter baixos salários e uma condição precária e que, na
verdade, Sr. Ministro, cheira a instrumentalização das pessoas neste período até às eleições.
O Sr. Ministro nada disse sobre salários mas estamos no País das maiores desigualdades salariais. Temos
10% de trabalhadores pobres, 40% dos trabalhadores em part-time vivem na pobreza. E essas desigualdades,
Sr. Ministro, ofendem-nos, ofendem a democracia. A pobreza viola os direitos humanos. E que haja
trabalhadores, em Portugal, em situação de pobreza, deveria motivar a nossa ação.
Nas grandes superfícies, que, amanhã, pretendem fazer do 1.º de Maio o dia da humilhação do
trabalhador, a Jerónimo Martins ou a Sonae, estão no topo das desigualdades. São as duas empresas em que
as disparidades salariais são maiores: um trabalhador da caixa do Pingo Doce precisa de trabalhar 108 anos
para ganhar o mesmo do que o administrador ganha em um ano. E na Sonae é igual, um trabalhador da caixa