9 DE MAIO DE 2015
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Nascido a 9 de dezembro de 1949, em Goa, Óscar Mascarenhas veio para Portugal em 1957, onde
prosseguiu os seus estudos, primeiro no Externato Frei Luís de Sousa, em Almada, e depois no Liceu Gil
Vicente, em Lisboa.
É no Gil Vicente que conhece Carlos Cáceres Monteiro, Luís Almeida Martins e João Vaz, com quem
haveria de trabalhar a partir de 1975, no diário A Capital, hesitando, em entrevista, entre o ter sido ele a
escolher o jornalismo ou de ter sido o jornalismo a escolhê-lo.
Até interromper o curso de Direito, para se alistar como voluntário na Força Aérea Portuguesa, frequentou
a Faculdade de Direito de Lisboa, chegando a candidatar-se à Associação de Estudantes.
Militante do Movimento de Esquerda Socialista, Óscar Mascarenhas manteve intensa colaboração no seu
jornal, O Poder Popular, integrando, a partir de 1976, a redação do Página Um.
Em 1982, troca A Capital pelo Diário de Notícias, jornal onde fez grande parte da sua carreira, trabalhando
até 2002 como repórter e redator principal, o que lhe permitiu acompanhar momentos históricos como os
Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984), as primeiras eleições livres na República Democrática Alemã (1990),
a Guerra do Golfo (1990-91) ou o início e o fim do julgamento de Xanana Gusmão, em Timor-Leste (1993). No
mesmo periódico, assume, entre 2012 e 2014, as funções de Provedor do Leitor.
Em 2003, passa a integrar os quadros da Lusa — Agência de Notícias de Portugal, S.A. —, como assessor
da Administração, ficando, entre outras funções, com o pelouro do relacionamento com as agências noticiosas
e organismos internacionais com que a Lusa tinha cooperação.
Em setembro de 2005, passa para a redação daquela agência, como editor, integrando, em 2007, o turno
da madrugada, função que desempenhou até passar à situação de pré-reforma, em 2009.
Durante largos anos, manteve ainda colaborações com o Jornal do Fundão.
Regressando ao ensino superior, tira o curso de Pós-Graduação em Jornalismo, promovido pelo ISCTE e
pela Escola Superior de Comunicação Social (de que foi Professor de Ética e Deontologia do Jornalismo),
seguindo-se o Mestrado em Ciências da Comunicação.
Foi distinguido com os Prémios Reportagem (1985) e Viagem (1986), pelo Clube Português de Imprensa.
Sindicalizado «desde o primeiro dia até morrer», foi, durante várias décadas, dirigente do Sindicato dos
Jornalistas, tendo presidido ao Conselho Deontológico durante oito anos e ocupando, até ao seu
desaparecimento, o cargo de vogal do mesmo órgão. Integrou, igualmente, a Comissão da Carteira
Profissional dos Jornalistas.
Óscar Mascarenhas considerava o exercício de voto e a militância partidária absolutamente compatíveis
com o exercício da profissão, afirmando que «um jornalista não é um cidadão castrado», embora recusando
liminarmente a acumulação de certas atividades profissionais capazes de comprometer «a sua independência
e a imagem dessa mesma independência».
Nos últimos dias da sua intensa vida, dedica-se, com Adelino Gomes, Alexandre Manuel e Luís Paixão
Martins, à eleição dos imortais (de Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós, passando por Manuel António
Pina e Carlos Pinto Coelho) a integrar o futuro panteão dos jornalistas, criado no âmbito do Museu das
Notícias, a ser inaugurado em Sintra, em 2016.
Recordar Óscar Mascarenhas é recordar um homem livre e quem, com elevada consciência dos
imperativos éticos, se bateu contra o êxito da superficialidade e da mediocridade.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu pesar pela morte de Óscar
Mascarenhas e envia sentidas condolências à sua família».
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto n.º 278/XII (4.ª), que acabou de
ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, peço a todos que guardemos 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.