22 DE MAIO DE 2015
25
contributos para que o Programa Aproximar Educação possa ser contextualizado e adequado a cada
realidade».
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Os pais não contam, pois não?
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Assim, e por tudo isto, votaremos contra todas as propostas
hoje em discussão.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Acácio Pinto.
O Sr. Acácio Pinto (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por apresentar uma saudação
do Partido Socialista aos cerca de 20 000 subscritores desta petição que a FENPROF nos trouxe hoje, com a
epígrafe «Professores contestam a municipalização da educação».
Este é um daqueles temas e daqueles processos políticos sobre o qual podemos dizer que não começou
bem, não está a correr bem e vai acabar mal. Começou mal porque, desde logo, o Governo não conseguiu
trazer para o debate os principais agentes que deveria ter trazido: os intervenientes educativos, os diversos
parceiros autárquicos e os portugueses. E isto aconteceu, obviamente, num debate que também não existiu e
que não foi, com certeza, aqui trazido em termos corretos relativamente aos conceitos utilizados. Fala-se de
descentralização, de municipalização e fala-se sabemos lá mais de quê!
Portanto, todo este processo está completamente adulterado por este Governo, logo não se estranham as
críticas da Associação Nacional de Municípios e das escolas.
A Associação Nacional de Municípios criticou desde o início este processo e deu parecer negativo sobre
ele.
Por seu lado, o Conselho das Escolas acusou o Governo de estar, e cito, «a discutir estas questões sem se
dar voz ativa aos atores principais do processo educativo nesta matéria» e acusou o Governo de se querer
desresponsabilizar em matérias educativas.
As matérias educativas devem estar no centro, obviamente, das políticas públicas de qualquer Governo
que queira combater o insucesso e as desigualdades e o que temos visto, nestes últimos quatro anos, é que o
sucesso não foi promovido — pelo contrário, aumentou o insucesso — e as desigualdades estão todas à vista.
Não se estranha, portanto, que haja milhares de professores, de agentes educativos, que, como se vê,
estejam contra e reprovem este processo e que, inclusivamente, reprovem o Decreto-Lei n.º 30/2015.
Mas também não se compreende que um processo como este, estruturante para o Estado, da
descentralização — matéria a que o PS dá enorme relevância —, se esteja a desenvolver a escassos meses
de um final de Legislatura. Não se entende!
Protestos do PSD.
Queremos também dizer o seguinte: uma verdadeira descentralização, com respeito pela autonomia das
escolas, seria bem-vinda, mas uma mera delegação de competências, sem nexo, sem debate e sem os
estudos que a lei impõe, só revela que o Governo não sabe para onde quer ir, não está com sentido de
Estado, o que quer é combater a escola pública e não qualificar as respostas da administração e do Estado.
Deixo uma palavra final para saudar as iniciativas dos demais partidos associadas a esta petição, dizendo
que o PS sempre teve uma posição clara e bem definida ao votar favoravelmente a cessação da vigência do
Decreto-Lei n.º 30/2015, que suporta estes contratos interadministrativos.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Acácio Pinto (PS): — Concluo, Sr. Presidente, dizendo inequivocamente que o PS é contra este
processo de municipalização da educação.