4 DE JUNHO DE 2015
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No PSD, estamos cientes desta questão há muito tempo e desde cedo que abordamos o assunto em
diversos fóruns.
Consideramos útil um debate alargado de modo a que se construam políticas públicas adequadas para
lidar com esta questão.
Por ser um problema transversal, há diversas ações que contribuem para reduzir o tal desperdício na
alimentação e, como tal, congratulamo-nos com a atitude do Governo na abordagem do problema, na
apresentação de soluções inovadoras e abrangentes.
A alteração legislativa nas práticas restritivas de comércio ou o prazo de pagamento aos produtores por
parte da distribuição são exemplos de medidas que, não sendo diretas, intervém na cadeia de consumo,
permitindo uma maior equidade entre produtores e distribuidores, reduzindo a pressão junto dos produtores no
escoamento dos produtos e, consequentemente, uma diminuição dos desperdícios.
Por outro lado, a promoção de mercados de proximidade que temos vindo a defender dia após dia, como
meio de escoar produtos provenientes de pequenas produções sem alternativas nas grandes superfícies, é
outra medida que contribui para o combate ao desperdício.
Em Portugal, onde predomina a agricultura familiar e as pequenas produções, é frequente que os
pequenos produtores não consigam contratos com os principais canais de distribuição, havendo dificuldade no
escoamento dos produtos e originando desperdício alimentar.
Por isso, no PSD temos defendido a promoção de mercados de proximidade no sentido de alargar as
formas de comércio, em particular para os pequenos produtores, permitindo uma nova forma de dinâmica
económica local.
Aliás, também já aqui foi referida, a propósito da revisão do Código Cooperativo, a importância que as
cooperativas têm na abertura de mais canais comerciais, mas também na distribuição dos excedentes
alimentares.
Outras medidas foram sendo promovidas pelo Governo de modo a estimular a sociedade numa
corresponsabilização comum em nome de uma sociedade mais justa e igual, respondendo, assim,
antecipadamente ao repto do Parlamento Europeu em propor 2014 como o Ano Europeu Contra o Desperdício
Alimentar.
Atualmente, em Portugal estão a ser desenvolvidas ações ao nível da produção, da transformação, da
distribuição e comercialização, da educação e comunicação, da sensibilização e responsabilidade e da
regulação, agilização e reconhecimento.
Na verdade, quando vemos que mais de um terço do desperdício está nas nossas casas, percebemos que
as soluções têm de passar também por uma alteração dos hábitos de consumo e de uma consciencialização
prática sobre o que estamos a desperdiçar.
No nosso entender, ainda há muito trabalho a desenvolver e, como tal, não consideramos que o debate de
hoje e as medidas apresentadas sejam um fim mas, sim, mais um passo, um passo extremamente positivo,
para um alerta sobre esta causa.
Este é um tema transversal a toda a sociedade e é nossa obrigação como políticos dar o exemplo na
sensibilização, no alerta e no combate ao desperdício alimentar.
Sr.as
e Srs. Deputados, termino dizendo o seguinte: passaram quatro anos desde que estamos nesta
Assembleia. Durante quatro anos, os partidos divergiram nas questões económicas, financeiras, políticas e
sociais, mas hoje acho que é um momento para recordar. É porque hoje, por uma causa maior, os partidos
estão do mesmo lado. Que todos saibam estar à altura disso, que isso seja um exemplo para a sociedade e
para a sensibilização coletiva deste problema.
Aplausos do PSD e CDS-PP
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Freitas.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: «Só há liberdade a sério quando
houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação».
Cito a canção de Sérgio Godinho e interrogo-me: por que será que de todos os direitos fundamentais
apenas o «direito à alimentação» não ficou inscrito na nossa Constituição?