23 DE JULHO DE 2015
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Acontece que a mulher já teve a informação; depois disso, o tempo de reflexão é dela e só dela, que aqui
surge menorizada, sem liberdade, sem vontade individual, sujeita a constrangimentos, quando a IVG é feita
por decisão da mulher.
Aplausos do PS e do BE.
Eis a infantilização da mulher em 2015! Chegamos à obrigatoriedade de uma consulta de planeamento
familiar pós-IVG, para ver se as mulheres aprendem, supomos!… Nem à morte pode alguém ser sujeito a uma
consulta obrigatória! O que vão fazer os Srs. Deputados? Algemar as mulheres?!
Aplausos do PS e do BE.
Grosseria e insensibilidade, desfasamento da realidade e da boa aplicação da lei, descolagem do consenso
social!
Falo, agora, em nome de muitas mulheres, inclusivamente das que recorrem à IVG até às 10 semanas
após situações de violência extrema: «Recorremos à consulta, somos bem tratadas, somos informadas, dão-
nos a hipótese livre de recurso a acompanhamento, vamos para casa refletir como mulheres inteiras e dignas,
sabendo que não somos culpadas. Tomamos a nossa decisão livremente, porque a opção é nossa, porque
temos cérebro e se fazemos a IVG é connosco e só connosco».
Em política, não vale tudo! O PS compromete-se a revogar esta 25.ª hora assim que ganhar as eleições.
Aplausos do PS.
Hoje, Portugal não esquecerá que, para a direita, vale tudo! Para caçar votos, caça mulheres.
Aplausos do PS.
Protestos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O PSD e o CDS apresentam uma
proposta de alteração à Lei da IVG que é uma cedência aos sectores mais fundamentalistas da nossa
sociedade.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Bem lembrado!
Protestos do PSD.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Uma proposta que adultera o resultado do voto popular em referendo de
2007.
Aplausos do BE, do PS, do PCP e de Os Verdes.
PSD e CDS passaram as últimas semanas tentando transmitir uma narrativa: não estavam a colocar em
causa o resultado do referendo, não alteravam o Código Penal, não alteravam a Lei, introduziam melhorias,
até votavam contra a maioria das propostas da iniciativa legislativa de cidadãos. Nada mais falso, Sr.as
e Srs.
Deputados! As alterações propostas pelo PSD e pelo CDS alteram a Lei no seu espírito e na sua forma e
significam um retrocesso inadmissível nos direitos e no estatuto das mulheres numa sociedade democrática.
Aplausos do BE, do PS, do PCP e de Os Verdes.