23 DE JULHO DE 2015
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Temos, por outro lado, que o projeto de resolução do PCP é, em geral, salvo uma ou outra exceção, vago e
indeterminado, sobretudo proclamatório.
Constatamos, porém, que, em alguns trechos do projeto de resolução, o Grupo Parlamentar do PCP
aborda questões como as referentes à falta de estratégia do atual Governo, à paralisação de importantes
obras como as do IP8 e do IP2, à necessidade de canalização de atividades para o aeroporto de Beja que
aproveitem o investimento ali realizado, à importância do Alqueva.
Ora, todas estas questões dizem muito ao Partido Socialista.
Efetivamente, antes do Governo PSD/CDS, havia estratégia para intervenção pública no território, avançou-
se com os investimentos nas acessibilidades, nomeadamente IP2 e IP8, fez-se o investimento necessário no
aeroporto de Beja e começou a canalizar-se atividades para ali, e o Alqueva foi alavancado decisivamente
com a estratégia e investimento, efetivamente aplicado, da sua conclusão total, a chegar a 120 000 ha de
terras agrícolas, até 2013, menos 12 anos do que o inicialmente previsto no calendário do empreendimento.
Pois, como se sabe, essa estratégia e esses correspondentes investimentos foram desenvolvidos por
Governos do Partido Socialista.
Neste enquadramento, revemo-nos até num implícito elogio do PCP às políticas e investimentos levados a
cabo pelos Governos do Partido Socialista, o que saudamos.
Evidentemente que não podemos concordar com todo o projeto de resolução do PCP e há pontos que
podem merecer a nossa expressa discordância, como o preconizado afastamento dos agricultores e
beneficiários da gestão dos perímetros de rega ou muito discutíveis medidas administrativas de fixação de
preços, etc.
Assim, considerando que assiste a cada partido expor as suas opiniões políticas, o que devemos respeitar,
que muita da estratégia e ação do PS está contemplada favoravelmente neste projeto de resolução, mas não
estando de acordo com a formulação geral do mesmo e com alguns pontos em especial, tudo ponderado, o
Grupo Parlamentar do Partido Socialista absteve-se na presente votação.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
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Relativa ao projeto de resolução n.º 1503/XII (4.ª) (BE):
Acompanhando o sentido de voto do PSD na votação deste projeto de resolução, por razões de disciplina
partidária, manifesto, no entanto, desacordo expresso nesta declaração de voto.
Portugal e os portugueses têm vindo a viver tempos particularmente difíceis, por força do Memorando de
Entendimento, que cumprimos com reconhecido sucesso, e das dificuldades e instabilidade que se tem vivido
na Europa. Fomos chamados a cumprir difíceis reformas para cumprir as obrigações internacionais e, ao
mesmo tempo, racionalizar e adequar o Estado à dimensão das nossas possibilidades, para que não voltemos
a cair na dependência externa a que o Partido Socialista nos levou por três vezes em 40 anos de democracia.
Os trabalhadores ferroviários, porque são trabalhadores de empresas do sector público empresarial, têm
sido chamados a contribuir para o esforço nacional como todos os outros trabalhadores do sector público, tal
como os reformados e pensionistas do sector estão a contribuir para esse mesmo esforço.
A utilização do transporte ferroviário sem custos por trabalhadores ferroviários, reformados e respetivas
famílias, tal como as concessões aos mesmos, constitui uma prática com mais de um século, parte das suas
remunerações.
A Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro — Lei do Orçamento do Estado para 2013 —, veio impor, com
algumas exceções, o impedimento à utilização gratuita de transportes públicos para 2013, o que se manteve
para os anos seguintes.
Decisões subsequentes retiraram as concessões aos ferroviários e reformados das empresas do sector,
para além do disposto na referida Lei, impedindo-os de circularem, de acordo com o método convencionado
para cada um, a si e às suas famílias, no meio de transporte que ajudaram a criar, forma de recompensa
encontrada pela então empresa, hoje empresas, em virtude dos baixos salários praticados.