I SÉRIE — NÚMERO 5
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — É preciso alterar a situação escandalosa que foi provocada, mas é preciso
também ver — e, aproveitando este debate, não podemos deixar de o assinalar — que enquanto estamos a
discutir salários de administradores que aumentaram 150%, continuamos a ter no terreno uma falta de condições
e de meios para cumprir cabalmente as missões por parte dos trabalhadores, recorrendo sistematicamente ao
outsourcing, agravando desigualdades, injustiças e potenciando problemas que devem ser evitados e não
provocados ao colocar dois, três ou mais regimes laborais e salariais para as mesmas funções, pelo regime que
está em vigor. Esta é a realidade concreta que existe e que não pode ser omitida quando discutimos estas
situações e estas entidades.
O PCP já sublinhou que esta Lei-quadro das entidades administrativas independentes, tal como no debate
que se realizou anteontem sobre o Estatuto do Gestor Público em vigor, ambos determinados pelo Governo
PSD/CDS, agravou injustiças e assimetrias que já se vinham sentindo em Portugal no que toca à distribuição
salarial.
O rendimento do trabalho representa uma fatia cada vez menor da riqueza produzida e, em contrapartida, os
salários mais elevados no nosso País não param de crescer.
Aquilo que o PCP propôs nesta semana, na Assembleia da República, foi que pudesse haver limitações aos
vencimentos no público e no privado para indexar as remunerações ao salário do Primeiro-Ministro e para
contribuir para uma real atenuação das assimetrias salariais.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Isto porque a política de remunerações no Estado e também nas entidades
administrativas independentes deve não agravar a situação que existe, mas, sim, contribuir para uma justa
distribuição de riqueza. É esse o sentido do que o PCP defende.
Quando observamos a iniciativa que o Partido Ecologista «Os Verdes» desencadeou e agendou para esta
sessão plenária, saudamo-la, assim como à solução inovadora, justa, adequada e rigorosa, que não prejudica
os trabalhadores destas entidades e que defende também o seu estatuto e as suas condições de trabalho.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quando o CDS apresentou
esta iniciativa legislativa, fê-lo também por uma questão de coerência. A lei diz que há uma referência aos
salários das entidades administrativas independentes, dos reguladores, que é o salário do Primeiro-Ministro. Se
isso não está a ser verificado na prática, cá estamos para corrigir a lei.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Fazemo-lo em coerência com o que dissemos no passado, mas
também o fazemos em coerência com o que defendemos para o pagamento dos salários dos gestores públicos,
exatamente ao contrário da hipocrisia que grassa nas bancadas da esquerda.
Daqui a pouco mais de uma hora, vamos votar, neste Parlamento, uma iniciativa do CDS…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — São as propostas do PCP!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … para limitar os pagamentos dos gestores da Caixa Geral de
Depósitos…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não, não! É falso!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não é verdade!