I SÉRIE — NÚMERO 10
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A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Recusamos a política e a «partidarite» e procuraremos um consenso
alargado, por forma a promovermos uma sociedade mais justa, mais inclusiva. Pode contar com isso da parte
do PSD.
O desafio que lançamos ao Governo — ao Sr. Ministro e à Sr.ª Secretária de Estado da Inclusão e das
Pessoas com Deficiência — é que desenhe políticas integradas, transversais, com a participação da sociedade
civil e das instituições de solidariedade social, de modo a promover uma verdadeira inclusão dos cidadãos com
deficiência, mas desde já, Sr. Ministro. E sublinhamos que as instituições são de primordial importância, porque
constituem muitas vezes, a maioria das vezes, as verdadeiras famílias e os verdadeiros agentes de inclusão de
pessoas com deficiência e como tal devem ser encaradas, como autênticas parceiras no desenho dessas
políticas.
Sr. Ministro, preocupa-nos uma retórica constante vinda da esquerda, que desacredita as instituições. Por
isso, reafirmamos o desafio de convergência nestas matérias, uma convergência alargada, com as instituições,
com a sociedade civil, com os partidos políticos, com todos nós.
Passo, agora, concretamente, às questões que lhe quero colocar.
O que está a fazer o Governo para pôr a funcionar definitivamente o programa operacional de inclusão social
e emprego, de modo a que as instituições sociais de solidariedade, que tratam destas questões e que dão
formação a estas pessoas, possam dar continuidade a esse grandioso trabalho de inclusão, de formação e de
promoção das capacidades da pessoa com deficiência?
O que está a fazer o Governo para evitar o colapso financeiro destas instituições, que o Sr. Ministro e a Sr.ª
Secretária de Estado sabem que esteve iminente, uma vez que a solução que os senhores trabalharam esgotar-
se-á a curto prazo? De que estão à espera para porem a funcionar definitivamente o Portugal 2020 e abrir as
candidaturas nesta área?
O Sr. Ministro disse que esta área era frágil, uma área que precisava de mais atenção e que estava a fazer
auscultação às entidades. Queria perguntar-lhe se falou com as entidades que fazem formação para este
setor,…
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — … se sabe do estrangulamento financeiro que estas instituições estão a
viver, se sabe que quase encerraram instituições por falta de financiamento e por falta de verba e se sabe que
houve, inclusivamente, algumas escolas para a deficiência que tiveram de encerrar por falta de financiamento.
Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado, gostava apenas de pedir para não desvalorizarmos o trabalho das
inúmeras instituições sociais, cujos representantes de algumas delas estão aqui presentes, que vivem nos
últimos tempos grande ansiedade. O Governo tem de lhes dar confiança, estabilidade e previsibilidade, porque
isso significa sempre tratar com dignidade o seu trabalho e promover a sociabilização dos cidadãos portadores
de deficiência, que é isso que nos interessa a todos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro, do
Bloco de Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, é verdade que na
sociedade portuguesa existe uma preocupação com a deficiência, mas durante demasiados anos o suposto
consenso dessa preocupação sobre as pessoas com deficiência foi tratá-las como objeto da caridade,
eventualmente até de uma comiseração sincera, mas objetos de caridade e não como titulares de direitos. E,
sim, isto é também ideológico.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — O debate que precisamos fazer é sobre se queremos ter uma sociedade
que tem pena das pessoas com deficiência e entrega os seus cuidados aos privados, à Igreja e às famílias, ou