13 DE OUTUBRO DE 2016
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Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Portanto, o Sr. Deputado não ouviu aquilo que eu disse.
Um outro lamento prende-se exatamente com os Srs. Deputados da esquerda, da geringonça. A estes Srs.
Deputados apenas posso dizer que, nas minhas férias, faço o que bem me apetece e, como Deputado, tomo as
iniciativas políticas que o meu partido entende como corretas para contribuir para aquilo que os senhores, de
certa forma, também contribuíram.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Agora fiquei esmagado com esse argumento!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — E aqui entra o segundo ponto de que quero deixar nota.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como eu estava a dizer, o segundo ponto de que quero dar nota é o forte consenso que está criado em torno
das propostas que apresentámos. Pelos vistos, elas reúnem o consenso de todas as bancadas parlamentares.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, terminado o debate conjunto dos projetos de
resolução n.os 464/XIII (2.ª) e 495/XIII (2.ª), vamos passar ao quinto ponto da nossa ordem de trabalhos, a
apreciação, na generalidade, do projeto de lei n.º 135/XIII (1.ª) — Combate a precariedade, impedindo o recurso
a medidas públicas ativas de emprego, para responder a necessidades permanentes dos serviços públicos,
empresas e outras entidades (PCP) juntamente com o projeto de resolução n.º 497/XIII (2.ª) — Medidas para a
erradicação dos contratos emprego-inserção como mecanismo de preenchimento de necessidades
permanentes, para o reconhecimento de contratos de trabalho e para a fiscalização dos estágios promovidos
pelo IEFP (BE).
Para apresentar o projeto de lei do Partido Comunista Português, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com este agendamento do PCP, temos hoje
oportunidade de dar um passo firme e de discutir medidas concretas de combate à precariedade.
Trazemos hoje à discussão uma proposta para impedir o recurso a estágios e a contratos emprego-inserção,
quando se trata de responder a necessidades permanentes dos serviços públicos, empresas e outras entidades.
Aliás, não é possível falar da importância de serviços públicos de qualidade sem referir trabalhadores valorizados
e em número suficiente.
Os últimos dados disponíveis sobre esta matéria, referentes a 2015, apontam para a existência de cerca de
68 000 contratos emprego-inserção e mais de 73 000 estágios profissionais.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Na verdade, estes trabalhadores não respondem a necessidades transitórias
ou sazonais dos serviços e empresas. Pelo contrário, se nos retivermos no número de trabalhadores da
Administração Pública que, entre 2011 e 2015, foi reduzido em 78 000 e se a isto juntarmos 68 000 contratos
emprego-inserção e 5000 estágios profissionais, temos a prova de que quem está a substituir postos de trabalho
permanentes são trabalhadores em situação de desemprego, que não recebem qualquer remuneração pelo
exercício do seu trabalho, e em estágios profissionais.
Importa também dizer que, de facto, são estes trabalhadores que, em grande medida, asseguram o normal
funcionamento de serviços, escolas, serviços da segurança social e muitos outros equipamentos públicos.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os estágios, os contratos emprego-inserção e outras ditas medidas ativas
de emprego servem para mascarar as estatísticas do desemprego, reduzem estatisticamente o número de
trabalhadores desempregados, mas não criam qualquer perspetiva de efetiva resolução do problema do
desemprego e não é possível resolver o problema do desemprego sem combater a precariedade.