I SÉRIE — NÚMERO 11
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na âncora de alguma economia local, nomeadamente dos produtos endógenos, mas também num produto de
recuperação do património e daquilo que é, no fundo, um conjunto de realidades que a todos nos obriga a
proteger.
Portanto, apenas direi que, da nossa parte, não houve uma tentativa de ultrapassar ninguém, tratou-se, única
e simplesmente, de valorizar, apoiar e chamar a atenção para esta realidade, que pode ser, de facto, um produto
turístico, mas, acima de tudo, um valor económico para as populações e para o País.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, em nome do Grupo
Parlamentar de Os Verdes, o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Como já aqui foi referido
hoje, a estrada nacional n.º 2 é a única estrada portuguesa que atravessa o País de norte a sul. São mais de
700 km de percurso, atravessando 11 distritos e mais 30 dos nossos concelhos.
A estrada nacional n.º 2 é, sobretudo, a estrada das culturas, das especificidades das nossas terras, das
nossas localidades rurais e também da nossa história, mas deve ainda ser encarada como um esforço, um
desbravar de caminhos, de atalhos para o desenvolvimento do interior do País. A importância desta estrada
continua a ser fundamental do ponto de vista da mobilidade, uma vez que por ela circulam não só veículos
motorizados como também bicicletas e possui, ainda, todas as características para aí se poder fomentar e
implementar percursos pedonais.
Se há estrada que, para além da importância que reveste em termos de mobilidade para as populações,
ainda possui potencialidades para promover motivos turísticos cada vez mais procurados, como seja o turismo
termal, o turismo da natureza, o turismo rural, a procura de locais onde se possa circular de forma sustentável,
como circular de bicicleta ou até a pé, essa é a estrada nacional n.º 2.
A crescente procura do turismo, que não passa apenas pela visita às grandes cidades, é cada vez mais
evidente, o que nos convoca a procurar formas alternativas de potenciar o que temos em termos de turismo.
Não é preciso inventar nada porque temos muitas potencialidades por descobrir e por explorar.
Saibamos nós olhar para elas como verdadeiras potencialidades, como produtos turísticos de altíssima
qualidade. Saibamos nós estar atentos à crescente consciência ambiental e ecológica, que tende a generalizar-
se pelo mundo, e à importância que representa no conjunto das variáveis quando os turistas decidem visitar um
País.
O riquíssimo património natural que envolve grande parte do percurso da estrada nacional n.º 2 — rios,
serras, montanhas, paisagens — merece ser visto e visitado pelo mundo sempre numa perspetiva de turismo
sustentável e amigo do ambiente e da natureza, sempre numa perspetiva de um turismo ecologicamente
equilibrado, capaz de não comprometer o futuro desses recursos naturais. Mas o percurso da estrada nacional
n.º 2 oferece-nos, ainda, um valiosíssimo património construído — castelos, conventos, igrejas e outros
monumentos — e, sobretudo, oferece-nos um singular quadro da nossa cultura e das especificidades de cada
região em termos, por exemplo, culturais ou gastronómicos.
Do Algarve a Trás-os-Montes há um mundo de mundos com interesse turístico que é necessário potenciar e
que também tem de ser olhado não apenas como produto turístico mas como potenciador de um sério combate
às assimetrias regionais e como fator de desenvolvimento regional. Um trabalho que deve envolver não só o
Governo central mas também as entidades regionais de turismo e, naturalmente, as autarquias locais.
É, portanto, necessário olhar para esta estrada como uma potencialidade a ser conservada e dinamizada,
não só como produto turístico, mas também e, principalmente, como instrumento de mobilidade das populações.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado
Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Depois de anos e anos de
desinvestimento e cortes orçamentais na conservação e beneficiação da rede viária nacional, depois de milhares