I SÉRIE — NÚMERO 18
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Efetivamente, não foi ainda dada resposta cabal a uma parte significativa de trabalhadores do sistema
científico e tecnológico nacional que mantêm com a instituição onde trabalham uma relação baseada em
vínculos precários, correndo de bolsa em bolsa, de projeto em projeto, há 10, 15, 20 anos, sem qualquer
proteção nem direitos, quando estão a suprir necessidades permanentes das instituições.
Esta é uma forma de precariedade inaceitável e deve constituir uma prioridade de intervenção. Porque, para
o PCP, esta é uma prioridade, apresentámos, já nesta Legislatura, um projeto de lei que visava, no essencial, a
substituição do regime de bolsas atualmente vigente por contratos de trabalho que garantam um efetivo vínculo
entre o investigador e o centro de investigação onde presta trabalho, admitindo embora que este processo possa
ser concretizado de uma forma gradual.
Apresentámos, ainda, uma apreciação parlamentar relativa ao Decreto-Lei n.º 55/2016, de 29 de agosto,
para que se possam eliminar limitações à integração dos investigadores doutorados presentes no referido
Decreto-Lei em laboratórios e outros organismos públicos, pois, na verdade, está muito longe de ter sido dada
resposta às questões com que estes profissionais e o próprio SCTN (Sistema Científico e Tecnológico Nacional)
se confrontam.
Daqui saudamos também aqueles cientistas que, não encontrando no seu País condições de trabalho dignas,
foram compelidos a uma emigração forçada, tendo como única opção levar para outros países o conhecimento
aqui adquirido. Com esta emigração qualificada, que se espalhou pelo mundo fora, exportou-se experiência e
conhecimento, tão necessários ao desenvolvimento e progresso de Portugal, a custo zero, para os países que
os receberam.
Sr.as e Srs. Deputados, estas foram opções políticas tomadas por sucessivos governos, com consequências
particularmente severas durante a vigência do Governo PSD/CDS, que desinvestiu no conhecimento científico,
desvalorizou o trabalho dos cientistas e exortou-os a sair de Portugal, numa rota de desmantelamento do
potencial científico e tecnológico nacional e numa lógica de subalternização da ciência e da tecnologia enquanto
elemento estrutural do desenvolvimento e do progresso de um país e de um povo.
Sr.as e Srs. Deputados, para que todos os cientistas sejam reconhecidos todos os dias, a precariedade dos
seus vínculos laborais não poderá ser nada mais do que uma má memória do passado.
Para isso, o PCP reitera a sua firme determinação em continuar a bater-se pela melhoria das condições
laborais dos trabalhadores científicos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Concluída a apreciação do projeto de resolução n.º 331/XIII (1.ª), vamos passar ao
ponto seguinte, com a apreciação conjunta, na generalidade, dos projetos de lei n.os 264/XIII (1.ª) — Altera a Lei
n.º 23/2007, de 4 de julho, que estabelece o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de
estrangeiros do território nacional (BE) e 240/XIII (1.ª) — Reposição de limites à expulsão de cidadãos
estrangeiros do território nacional (Quarta alteração à Lei n.º 23/2007, de 4 de julho, que aprova o regime jurídico
de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional) (PCP).
Para apresentar o projeto de lei do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Pureza.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se é nosso dever promover e
defender os direitos humanos nas situações mais difíceis, encaremos hoje com coragem as vidas concretas de
tantos homens e de tantas mulheres que trabalham em Portugal com um contrato de trabalho, descontam para
a segurança social de todos nós, querem aqui viver com dignidade e pedem para ter a sua situação regularizada
e a única resposta que recebem do Estado são meses de silêncio, não atendimento e, subitamente, mudança
das exigências administrativas que haviam cumprido escrupulosamente.
O azar destas pessoas, de tantos homens e de tantas mulheres, é que não são milionários candidatos a um
visto gold; é gente que trabalha nas obras, nos olivais, nas estufas e que é desconsiderada por serviços que
decidem sobre ela, arbitrariamente.
Durante anos, a regularização da situação destas pessoas em Portugal pôde fazer-se mediante a sua entrada
legal no espaço Schengen e um contrato de trabalho, mas só neste ano já se sucederam três despachos do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), com lógicas e com exigências contraditórias entre si. Entretanto, os