28 DE OUTUBRO DE 2016
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O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria registar neste momento
do debate o apoio muito alargado que esta preocupação que viemos trazer à Assembleia da República mereceu
por parte dos diversos grupos parlamentares. E, naturalmente, da parte do Bloco de Esquerda existe toda a
disponibilidade para, em sede de especialidade, fazermos caminho no sentido de encontrarmos as soluções
mais rigorosas que sejam conformes com o princípio básico do respeito pelas pessoas que buscam Portugal
para terem uma vida digna e que, da parte do Estado português, estão a receber uma resposta que é indigna.
Esta é a nossa posição.
Afirmava o Sr. Deputado Fernando Negrão que há aqui o risco de abrir fronteiras. Sr. Deputado, na verdade,
Portugal abriu fronteiras a estas pessoas e a verdade é que, agora que as deixou entrar, agora que estas
pessoas estão a trabalhar em Portugal, agora que estas pessoas descontam para a segurança social, Portugal
mantém-nas num limbo de legalidade, mantém-nas numa situação de total fragilidade e não lhes quer dar
resposta. Isso, Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, é que é uma solução coxa, isso é que é uma solução que
não está de acordo com o princípio do respeito pelos direitos humanos.
Já agora, uma última nota, Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: o Sr. Deputado Fernando Negrão disse
que devemos ter aqui um princípio de exigência. Eu não podia estar mais de acordo. Devemos ter um princípio
de exigência. E nessa exigência, Sr.as e Srs. Deputados, o melhor que o Estado português tem a fazer é ser
exigente consigo próprio e, nessa medida, dar aos serviços que tratam destas matérias as indicações para que
tenham uma resposta rápida e justa.
É por isso que isto não é um problema de boa vontade da Administração. Isto é um problema de lei, e a lei
tem de ser clarificada.
Não é outro o propósito deste projeto de lei do Bloco de Esquerda.
Aplausos do BE.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — A lei tem de ser cumprida!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Não havendo mais inscrições, está concluída a discussão conjunta,
na generalidade, dos projetos de lei n.os 264 e 240/XIII (1.ª).
Srs. Deputados, vamos prosseguir, com o debate conjunto dos projetos de resolução n.os 526/XIII (2.ª) —
Recomenda ao Governo a criação de um novo modelo de financiamento do Estado ao setor social e solidário,
no que respeita à utilização de serviços e equipamentos sociais (CDS-PP) e 525/XIII (2.ª) — Recomenda ao
Governo uma nova forma de atualização dos valores dos acordos de cooperação com as entidades do setor
social (PSD).
Para apresentar o projeto de resolução do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A solidariedade social
faz parte integrante da nossa cultura portuguesa.
É longa e secular a tradição em que assistimos ao surgimento de agregações de pessoas em torno de um
objetivo comum de entreajuda e de apoio aos mais desfavorecidos, de desenvolvimento da pessoa humana e
das suas condições de vida.
Muitas vezes sem intuitos lucrativos, foram-se desenvolvendo e estruturando com meios cada vez mais
profissionais e aptos a responder com eficiência e na proximidade àqueles que realmente mais precisam.
São as instituições que, no terreno, se afirmam tantas vezes com maior capacidade de resposta às carências
dos mais necessitados, desde o apoio na infância, ao apoio na velhice, ao acompanhamento e superação dos
mais frágeis da comunidade.
Várias foram as formas que foram ganhando, do associativismo às fundações, passando pelas IPSS e pelas
cooperativas.
O CDS, como partido democrata-cristão e de perfil humanista, reconhece a importância da economia social
e o papel imprescindível que desempenha na sociedade.
Neste sentido, o apoio ao terceiro setor social, nas suas diversas e variadas vertentes, sempre foi uma
prioridade das nossas políticas.