7 DE DEZEMBRO DE 2016
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O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem agora a palavra o Sr. Deputado João Ramos, do Grupo
Parlamentar do PCP.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, a floresta tem uma
importância estratégica para o País. É o elemento fundamental de combate à desertificação dos solos e à
manutenção de reservas de água.
A forma como as políticas florestais têm sido desenvolvidas tem efeitos nas alterações significativas no meio
rural, em profundo despovoamento. A monocultura florestal, em área de extensão muito além do que seria
desejável, é um problema que tem entre os seus maiores reflexos os dramáticos incêndios que, ano após ano,
lavram no espaço florestal, consumindo cada vez mais área.
A floresta portuguesa está em declínio, com a redução de área e a redução de algumas espécies,
nomeadamente as autóctones, em detrimento do eucalipto.
O anterior Governo PSD/CDS-PP deu um importante contributo para que isto acontecesse, retirando 150
milhões de euros ao ProDer (Programa de Desenvolvimento Rural) para a área da floresta, liberalizando a
plantação de eucalipto e atacando os baldios. O avolumar destes problemas na floresta portuguesa ocorre
apesar dos milhões de euros afetos ao setor por diferentes quadros comunitários.
As matérias relacionadas com a floresta têm tido, grosso modo, aprovação unânime da Assembleia da
República. É, pois, evidente que tem faltado ação governativa e decisão.
A sobreposição de interesses do negócio da transformação de madeira ao interesse nacional vai contra as
necessidades do País. Ultimamente têm-se multiplicado as notícias e informações relativamente a floresta criada
para alimentar celuloses, produzida através de regadio, nomeadamente em regadios públicos.
Pode até ser uma medida importante para a indústria deficitária em matéria-prima, mas o País tem défices
profundíssimos em várias produções estratégicas e, por isso, não é admissível retirar recursos tão importantes
como a terra ou a água à produção alimentar para os afetar ao desenvolvimento de uma estratégia empresarial
privada.
Isto, porque a soberania alimentar não é um valor menor. O País tem condições para produzir madeiras
nobres de maior valor acrescentado, mas isso não é estimulado, nem a madeira é valorizada.
A indústria para a produção de mobiliário, de grande importância no País, também precisa de produção
florestal, mas, por exemplo, o pinho não é corretamente valorizado.
A valorização da floresta tem também de passar pela diversificação e pela valorização de espécies que
podem alimentar outras indústrias ou em que o País é inigualável produtor, como a cortiça.
A floresta enfrenta hoje um grave problema fitossanitário, não controlado em muitas áreas, e que condiciona
não só o valor como a atividade da indústria transformadora. Tanto o pinho como o montado, nomeadamente
de sobro, atravessam grandes problemas sem fim ou controlo à vista.
Entende o PCP que os problemas da floresta portuguesa e paralelamente do mundo rural, fortemente atingido
pela desertificação económica e pelo despovoamento, não se resolverão sem uma significativa mobilização de
recursos públicos, nomeadamente sem a indispensável intervenção do Estado, com meios financeiros e
recursos humanos à altura da gravidade dos problemas e dos estrangulamentos existentes.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, em nome do Grupo Parlamentar de Os Verdes, tem a
palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, a proposta do
Governo relativa ao RJAAR vai, na nossa perspetiva, permitir travar a expansão do eucalipto que foi liberalizada
pelo Governo anterior do PSD e do CDS. Mas vai fazer mais: vai permitir recuperar áreas abandonadas de e
com eucaliptos, criar oportunidades para a sua recuperação através da reflorestação com espécies autóctones
e corrigir erros de arborização anteriores que permitiram plantações em áreas totalmente impróprias e que
acentuaram as manchas contínuas de eucalipto, que, por sua vez, agravaram a dimensão dos incêndios.
Porém, como certamente o Sr. Ministro já se apercebeu, estas alterações têm sido alvo de constantes e
violentos ataques, com grande realce na comunicação social, por parte dos grandes interesses económicos