I SÉRIE — NÚMERO 33
20
Ninguém tem liberdade se é obrigado a aceitar um modelo único, um sistema sem alternativa, autocrático e
que ninguém sufragou nas urnas.
Vozes do PSD: — Muito bem! Bem lembrado!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Sr.as e Srs. Deputados, só há liberdade quando se pode escolher e só há
democracia quando há liberdade.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira.
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começaria, em nome do Partido
Comunista Português, por cumprimentar os Srs. Subscritores da petição n.º 114/XIII (1.ª).
Sr.as e Srs. Deputados, a Constituição da República Portuguesa e a Lei de Bases do Sistema Educativo
preveem a responsabilidade do Estado na criação de uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que
cubra as necessidades de toda a população, para que o direito de todas as crianças e jovens à igualdade no
acesso e sucesso escolar seja garantido, sem discriminações em função das condições económicas e sociais.
Essa responsabilidade do Estado corresponde à consideração de que só uma escola pública que assegure
idênticas condições de acesso à educação aos filhos das famílias mais ricas e aos filhos das famílias mais
pobres está em condições de assegurar condições de igualdade no acesso à educação e de combate às
assimetrias sociais.
A invocação da falsamente designada «liberdade de escolha» serve apenas para justificar que haja uma
escola para ricos e outra para pobres,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — … reproduzindo e acentuando as assimetrias e desigualdades
sociais…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Tanta incoerência!
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — … e procurando ainda que seja o Estado a financiar essa
desigualdade.
É o Estado, de acordo com o texto constitucional, que deve garantir o acesso à educação, e o instrumento
para o fazer é a escola pública universal, de qualidade, gratuita e inclusiva em todo o ensino obrigatório,
independentemente das condições económicas e sociais de cada um.
É a escola pública que garante a universalidade, a igualdade no acesso e sucesso escolares e o combate
das desigualdades económicas e sociais. É a escola pública que assegura que os filhos dos trabalhadores e os
filhos daqueles que muito têm tenham as mesmas condições de aprendizagem.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Tanto assim é que a possibilidade de celebração de contratos de
associação se restringe somente às zonas onde não haja cobertura da rede pública. E é no pressuposto do
cumprimento da universalidade da escola pública, como garantia do acesso de todos ao ensino, que o PCP
defende que se deve manter a possibilidade de celebrar contratos de associação com escolas privadas e do
setor cooperativo, de acordo com as regras definidas, em regiões onde a escola pública não tem ainda condições
de acolher esses alunos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!