I SÉRIE — NÚMERO 34
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O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O sector — e com isto termino —, de facto, precisa de resposta. Da nossa
parte, se o Governo for pelo equilíbrio entre os dois sectores, por manter a liberdade de iniciativa, por manter e
proteger a inovação e, ao mesmo tempo, manter a viabilidade económica do sector tradicional dos táxis,
estamos, obviamente, disponíveis para discutir, e cá estaremos para dar o nosso contributo.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP saúda os representantes do
sector do táxi aqui presentes e os milhares de cidadãos que se dirigiram à Assembleia da República através
destas petições que estão agora em debate, um debate que tem de ser sério, porque é sobre as leis deste País
e a forma como as cumprimos e as fazemos cumprir.
Podemos até afirmar que, aparentemente, a preocupação e motivação comum a todos ou a quase todos
estes cidadãos de ambas as petições é a de um melhor serviço de transporte, com mais qualidade, conforto e
acessibilidade, e este é um objetivo pelo qual continuamos a trabalhar, mas, certamente, ninguém defenderá
que à pala deste objetivo se consagre um estatuto de impunidade e privilégio para o poder económico de
multinacionais que atuam como se estivessem acima da lei.
Mais uma vez sublinhamos que esta não é uma questão de tecnologias, nem de modernidade, é uma questão
de legalidade. A lei tem de ser igual para todos e ninguém pode estar acima da lei!
É inaceitável que o País seja confrontado com a situação que está colocada: a lei vale só para alguns e há
quem não tenha de a cumprir ou, então, faz-se uma lei, como se fosse um fato, à medida das multinacionais.
Mas, aquilo que hoje, no terreno, está a acontecer é uma situação revoltante, de total impunidade, perante a
passividade das autoridades competentes.
O PCP orgulha-se de ter contribuído, de forma ativa e construtiva, para a defesa da legalidade no sector,
propondo medidas, que foram aprovadas nesta Assembleia — sem votos contra —, na Lei n.º 35/2016, mas que
não estão a ser cumpridas.
Já houve problemas graves, como o que sucedeu no passado dia 23 de dezembro, junto à estação de
caminho-de-ferro de Campanhã, no Porto. Alguma coisa está muito errada, Srs. Deputados, quando as
autoridades assistem à ilegalidade e fiscalizam aqueles que a denunciam. Por isso mesmo, acabámos de
questionar o Governo, através da Mesa da Assembleia da República, sobre esta situação e é importante que a
matéria seja esclarecida cabalmente.
Srs. Deputados, a lei é para cumprir e ninguém pode estar acima da lei!
O PCP não pode aceitar, esta Assembleia não pode aceitar, que se permita a liquidação de um sector como
o do táxi, fundamentalmente constituído por milhares de micro, pequenos e médios industriais nacionais e
cooperativas nacionais, para impor a presença hegemónica e monopolista de uma multinacional estrangeira
que, de acordo com a imprensa, pagou em Portugal — repito, em Portugal —, em impostos, menos do que a
empresa da Ginjinha, do Rossio!
Uma empresa que tem os motoristas a ganhar 1,41 € à hora antes de impostos, que impõe as tarifas que
quiser e que coloca os carros onde quiser.
O sector do táxi é enquadrado, regulado e fiscalizado todos os dias, não se pode dar ao luxo de apresentar
prejuízos globais de 2200 milhões de dólares só em nove meses.
O sector do táxi não recorre a offshore, nem a endereços fiscais na Holanda. Foi penalizado por anos e anos
de pagamento especial por conta, que este ano, finalmente, vai ser reduzido, com vista à sua eliminação, por
proposta do PCP aqui aprovada.
É preciso apoiar a modernização do sector, o investimento, a inovação e o desenvolvimento do transporte.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado. Faça favor de concluir.