6 DE JANEIRO DE 2017
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Importa, portanto, por um lado, dar resposta às necessidades de afirmar o primado da lei, impedir que as
ilegalidades continuem e se instalem como se fossem uma coisa normal e, por outro, procurar resolver um
problema de transporte público que o Governo anterior, o Governo PSD/CDS, pura e simplesmente, ignorou.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por cumprimentar os
peticionários, na pessoa do Sr. Presidente da ANTRAL (Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários
em Automóveis Ligeiros), bem como os representantes da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), que se
encontram presentes, e por dizer que estas duas petições que parecem ou podem parecer contraditórias na
realidade não são, pois solicitam um mesmo serviço que é prestado em duas modalidades diferentes.
Portanto, sobre esse serviço, acho que cabe aos utentes fazer a escolha, não cabe aos políticos, nem aos
poderes políticos, fazer essa escolha. A nós cabe outro tipo de responsabilidades. Cabe-nos garantir um clima
de concorrência, um regime legal compatível com a realidade dos dois modelos e não, obviamente, pedir tudo
a uns, como acontece com os táxis, e não pedir nada a outros. É esta a responsabilidade, mas é bom dizer que
não foi essa a primeira resposta do partido Socialista.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O Partido Socialista, perante um problema novo, um desafio novo, tinha
de encontrar novas respostas, optou pelo modelo de sempre, um pacote de medidas (17 milhões de euros, três
medidas), e percebeu rapidamente que, entre tentar ganhar votos e resolver um problema, não havia solução.
Portanto, estamos à espera que o PCP, o BE, o Partido Ecologista «Os Verdes» e o Partido Socialista
assumam a sua responsabilidade e resolvam este problema. Ou seja, há um desafio novo, há uma realidade
que é importante proteger e há uma resposta para dar. O que não podemos ter é o melhor dos dois mundos:
por um lado, fazemos todos elogios à Web Summit. A Uber foi só a estrela da Web Summit.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ah, então está tudo bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Um País como o nosso, que não tem commodities, que não tem matérias-
primas, só pode sobreviver se apostar na inovação, na imaginação e no empreendedorismo. Está no Programa
do Governo essa aposta e concordamos com ela, mas ela tem de ser enquadrada, tendo em conta a disrupção
que provoca em negócios e em modelos de negócio já existentes.
Há um serviço público relevante, como já aqui foi dito, prestado pelos táxis, a cujos proprietários é exigido
um conjunto de condições que tem de ser respeitado e, por isso, é preciso encontrar mecanismos para que este
sector se possa modernizar. O próprio estudo do IMT diz que 50% dos táxis não estão ligados a nenhuma
plataforma eletrónica, mas aqueles que estão têm um aumento significativo dos seus rendimentos, das suas
poupanças e da melhoria do seu serviço. É preciso criar condições para ajudar este sector a modernizar-se.
Por isso é que o CDS diz: «sim» à liberdade de instalação; «sim» ao empreendedorismo e a novos modelos
de negócios; «sim» à iniciativa privada; «sim» à proteção de negócios tradicionais; «sim» à prestação do serviço
público, criando condições para que possam… E já aqui há várias medidas… Não conheço a proposta do
Governo, estamos à espera que o Governo assuma as suas responsabilidades e traga aqui uma proposta…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Claro!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … que diga ao sector do táxi que vantagens terá pelo serviço público que
presta, que é relevante, que condições terá para a formação dos seus motoristas, que condições de mobilidade
terá, porque estamos a falar de mobilidade nos centros urbanos, que importa também proteger. Agora, não me
parece que, perante uma dificuldade, perante um novo modelo, que levanta um novo desafio, a solução seja
uma discussão ideológica sem sentido ou enterrar a cabeça na areia.