2 DE FEVEREIRO DE 2017
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Saúdo, mais uma vez, a iniciativa de Os Verdes e o Sr. Deputado José Luís Ferreira pelas iniciativas que vai
trazer a esta Assembleia e com as quais o Bloco de Esquerda se identifica em termos genéricos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana
Virgínia Pereira.
A Sr.ª AnaVirgíniaPereira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, em primeiro lugar,
saúdo o Partido Ecologista «Os Verdes» pelas suas jornadas parlamentares e pela pertinência do tema que
trouxeram hoje a debate.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª AnaVirgíniaPereira (PCP): — Sr.as e Srs. Deputados, a central nuclear de Almaraz, desde o início
da sua entrada em funcionamento, apresenta vários problemas técnicos. Ao longo dos seus 35 anos de vida, a
central foi palco de variadíssimos incidentes que vão desde a contaminação química de circuitos à falha de
válvulas, ao escape de gases, à falha de refrigeração, e muitos outros. Estes incidentes causaram sérias dúvidas
e intranquilidade entre as populações.
Para além disso, o facto de a central ter prorrogado o seu prazo de vida por mais 10 anos e haver a
possibilidade de a prorrogar por mais 10 anos, tornando-a ainda mais obsoleta, adensa os receios das
populações quanto à sua segurança, tanto mais que em 2017 pelo menos um incidente já ocorreu.
Acrescenta-se ainda a construção do armazém temporário individual de Almaraz, que aumenta a
intranquilidade e faz crescer a dúvida sobre a renovação da licença de exploração da central.
Na verdade, Sr.as e Srs. Deputados, a ameaça de segurança trazida pela central de Almaraz, dada a
proximidade com Portugal, é um risco real que não pode ser escamoteado.
Importa, pois, que o Governo envide todos os esforços para salvaguardar a segurança e a saúde das
populações, monitorizando a qualidade do ar e, porque a Central de Almaraz procede à sua refrigeração indo
beber às águas do rio Tejo, é necessário que se façam também esforços no sentido de que também as águas
do rio Tejo sejam monitorizadas e fiscalizadas na sua qualidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero agradecer os pedidos de
esclarecimento dos Srs. Deputados Maria da Luz Rosinha, Emília Cerqueira, Pedro Soares e Ana Virgínia
Pereira.
Sr.ª Deputada Maria da Luz Rosinha, de facto, os planos de emergência radiológicos existem, mas existem
de forma geral e não há nenhum plano específico para uma eventualidade com um acidente nuclear.
Para além disso, aquilo que importa sublinhar é a necessidade de esses planos saírem do papel, porque, se
eles não forem testados, não saberemos qual o seu grau de fiabilidade e o seu grau de eficiência. Por isso,
numa das propostas que hoje anunciámos, pretendemos que haja ensaios e testes desses planos no terreno,
até para percebermos a coordenação das várias entidades envolvidas, que são muitas, e, portanto, se não
houver coordenação e se não houver testes não ficaremos a saber se, de facto, temos ou não um plano eficiente.
Naturalmente que a queixa às autoridades em Bruxelas é importante e é útil, mas não chega. É pouco! O Sr.
Ministro do Ambiente tem feito algumas diligências, mas consideramos que é também necessário envolver o
Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Primeiro-Ministro nesta questão, por forma a que o Governo clarifique
a sua posição sobre o encerramento da central nuclear.
É verdade que o Governo já manifestou desagrado pelo facto de não ser ouvido relativamente à construção
do armazém para resíduos nucleares, mas sobre o encerramento da central nuclear nunca houve uma posição
clara por parte do Governo português.