I SÉRIE — NÚMERO 45
22
E, aqui, aproveito para responder à Sr.ª Deputada Emília Cerqueira, dizendo-lhe que era bom que o Governo
clarificasse a sua posição sobre o encerramento ou não da central nuclear até para podermos ter alguma
evolução relativamente ao Governo anterior, que se manteve numa passividade absolutamente assustadora e
num silêncio também pouco democrático.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Olhe que não!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Depois, Sr.ª Deputada, há, de facto, um voto aprovado por
unanimidade — diga-se, já agora, por iniciativa do Partido Ecologista «Os Verdes» — e isso indicia que há uma
posição por parte da bancada do PSD que nos cria a expetativa de poder viabilizar as propostas que foram
apresentadas, porque, se queremos rejeitar o nuclear, então, vamos rejeitar também a importação de energia
com recurso a fonte nuclear.
Sr. Deputado Pedro Soares, de facto, acompanhamos as suas observações, já temos motivos mais do que
suficientes para que Portugal envolva todos os meios diplomáticos nesta batalha e que o Governo português
assuma uma posição muito clara junto do Governo espanhol sobre o futuro da central nuclear, sendo que
consideramos também que na próxima cimeira ibérica, se possível até antes, este assunto deveria estar
agendado.
Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira, também acompanhamos as suas preocupações relativamente à
necessidade de canalizar esforços para garantir a monotorização das águas do rio Tejo, que é partilhado por
Espanha e Portugal, pois, como sabemos, a central nuclear utiliza as águas do rio Tejo para fazer a refrigeração
da sua produção de energia nuclear.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Dando continuidade às declarações políticas, tem a palavra o
Sr. Deputado Carlos Silva, do PSD.
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No final do ano de 2010, o setor
empresarial do Estado na área dos transportes públicos acumulava uma dívida de 17 mil milhões de euros, o
equivalente — imagine-se! — a cerca de 10% do PIB nacional, consumindo naquele ano cerca de 590 milhões
de euros só em juros. Salários e postos de trabalho das empresas públicas de transportes estavam em risco
com o setor a operar em falência técnica.
O anterior Governo do PSD/CDS empreendeu uma profunda reforma, procedendo à racionalização da
atividade e explorando sinergias várias na reestruturação das empresas deste setor nos diversos modos de
transporte.
Ao lançar a subconcessão da sua atividade em Lisboa e no Porto foram agregadas empresas fluviais, do
metropolitano e da rodovia, proporcionando condições de operação e exploração que não só eliminavam o
encargo anual para o erário público, como transferiam a responsabilidade na realização programada de
investimento de renovação das respetivas frotas para os concessionários, libertando os contribuintes dessa
canga fiscal.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — O Governo atual do PS, ao pôr, irresponsavelmente, em causa as
soluções encontradas pelo anterior Governo, na decorrência do referido Memorando de Entendimento, assinado
por outro Governo socialista, lançou, de novo, a incerteza quanto ao futuro do setor dos transportes e criou
dificuldades acrescidas ao seu funcionamento, sendo já visíveis atualmente resultados muito negativos dessa
atuação e suscitando muitas interrogações.
Ao reverter o processo das subconcessões de transportes nas regiões do Porto e de Lisboa, o Governo
travou uma solução para as contas públicas e para o futuro dos portugueses. Acrescentou, além disso, os riscos
e os custos operacionais de mais de 200 milhões de euros, só no primeiro semestre de 2016, sem que tenha
oferecido, sequer, uma solução alternativa àquela que ideologicamente se apressou a pôr em causa.