2 DE FEVEREIRO DE 2017
5
de tentar resolver a questão do sofrimento humano, qualquer que seja a circunstância que o provoque. Para
nós, o problema do sofrimento em fim de vida resolve-se cuidando e não tirando a vida do que sofre.
Aplausos do CDS-PP.
No respeito pelos pressupostos que mencionámos, e assumindo-nos claramente contra a eutanásia, o CDS
apresentará uma proposta legislativa que reafirma e amplia um conjunto de direitos dessas pessoas e suas
famílias, os quais, no seu conjunto, relevam e densificam a consagração de um direito a não sofrer de forma
mantida e disruptiva, quando no contexto de doença avançada e em fim de vida.
A nossa proposta não deixará de, entre outras, conter algumas destas indicações: que essa pessoa tem
direito a receber informação detalhada sobre a natureza da sua doença, sobre o prognóstico e sobre os cenários
clínicos e tratamentos disponíveis e a participar ativamente no plano terapêutico, explicitando as medidas
(incluindo as de suporte artificial das funções vitais) que deseja e não deseja receber, podendo recusar
tratamentos; que tem direito a receber cuidados paliativos por uma equipa de profissionais devidamente
credenciados, seja em ambiente hospitalar ou domiciliário, seja em instituições residenciais; que, tendo direito
a receber tratamento rigoroso dos seus sintomas, essa intervenção implica, concretamente nos casos de
inquietação grave, ter como medidas de primeira linha e mais frequentemente adotadas o uso adequado de
fármacos e só excecionalmente a ser imobilizado com contenção física; que tem direito a apresentar um
testamento vital, de acordo com a lei vigente; que tem direito a não ser alvo de obstinação terapêutica.
A pessoa com doença terminal, nomeadamente nas últimas semanas ou nos últimos dias de vida, tem direito
a receber sedação paliativa, tecnicamente correta e adequada, com fármacos sedativos e não com outros.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, somos contra a eutanásia. Fazemos este debate de forma responsável
e positiva, certos de que ele deve ser aprofundado na sociedade, na busca de respostas dignificantes e
humanizadoras, sobre matérias relevantes para os nossos concidadãos.
Como alguém disse, será um dever de todos nós salvaguardar a vida, a integridade física e espiritual, a
liberdade de pensamento, de crença e de expressão e o pluralismo de organização e de opinião. Essa é a visão
humanista que o CDS defende para uma sociedade moderna, aquela que tem na proteção da vida o alicerce
dos direitos fundamentais, uma sociedade exigente que não descarta os mais vulneráveis ou os que sofrem e
que lhes amplia horizontes. E disso não abdicaremos.
Aplausos do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, quatro Srs. Deputados, em relação aos
quais a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto informou a Mesa que responderá, primeiro, a dois Srs. Deputados e,
depois, a outros dois Srs. Deputados.
O primeiro inscrito é o Sr. Deputado Moisés Ferreira.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto,
cumprimento-a pelo tema que traz a debate e queria dizer-lhe que, da parte do Bloco de Esquerda, estamos,
como é óbvio, totalmente disponíveis para fazer esse debate. Aguardamos a iniciativa legislativa que anunciou,
assim como as propostas que a materializam.
Estamos disponíveis para aprofundar aquilo que, como referiu, já existe na lei, nomeadamente o testamento
vital e o direito a não ser submetido a obstinação terapêutica, mas também para reforçar o acesso aos cuidados
paliativos, principalmente no Serviço Nacional de Saúde. São precisas mais camas nos cuidados paliativos,
como sabemos, e é preciso melhorar também os tratamentos que são dados nesses cuidados paliativos. Há
ainda centros hospitalares que não têm as equipas intra-hospitalares de cuidados paliativos e é preciso que as
tenham. É preciso o reforço das equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos para que todas as
pessoas, mesmo em contexto domiciliário, possam ter acesso a esses mesmos cuidados nos últimos dias de
vida.