I SÉRIE — NÚMERO 45
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, o Sr.
Deputado Carlos Abreu Amorim para pedir esclarecimentos.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr. Presidente, queria, em primeiro lugar, saudar o CDS-PP e a Sr.ª
Deputada Isabel Galriça Neto por terem adiantado este debate tão importante e que já começou no Parlamento,
em virtude da petição que será, um pouco mais logo, discutida também. É um debate fundamental e é um debate
que deve começar no Parlamento, atravessar a sociedade portuguesa e, eventualmente, terminar ou ter o seu
culminar também no Parlamento, quando os Deputados forem chamados a tomar decisões.
Mas estava a ouvir as intervenções do Sr. Deputado do Bloco de Esquerda e da Sr.ª Deputada do Partido
Socialista e estava a recordar-me que, nesta Casa — não propriamente nesta Sala, que ainda não existia —,
há cerca de 150 anos, um pouco mais, talvez, se deu um dos debates mais importantes do parlamentarismo
português, que foi o debate sobre a construção do caminho-de-ferro. Havia muita gente — curiosamente, muita
gente de vulto, nessa altura — que era contra a construção do caminho-de-ferro e existiam outros, a quem
chamavam «adeptos da modernidade», que eram a favor da construção do caminho-de-ferro. Esse debate
ocupou muitas semanas deste Parlamento, desta Casa e, a partir daí, tornou-se uma espécie de referencial dos
debates a chamada «perspetiva ferroviária», que é a perspetiva de que, de um lado, estão os adeptos da
modernidade e, do outro lado, estão os adeptos de que o passado é que está bem e de que tudo deve ficar
como está.
Que fique muito claro que o Partido Social Democrata, nesta e noutras matérias, recusa qualquer perspetiva
ferroviária. Não há, de um lado, os defensores da modernidade e do progresso e, do outro lado, os defensores
do seu contrário. Todos têm lugar neste debate, que deve ser feito com seriedade, com responsabilidade e, já
agora, sem clivagens político-partidárias.
Aplausos do PSD e da Deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto.
O debate sobre a eutanásia não é um debate em que há partidos que estão de um lado e partidos que estão
do outro. O Partido Social Democrata, tal como outros, dará liberdade de voto, cada Deputado decidirá em
consciência, com informação, com responsabilidade. Este não é um debate entre esquerda e direita, entre
modernidade e retrógrados, ou quaisquer outros rótulos que lhes queiram colocar.
Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto, em princípio, o Partido Social Democrata estará de acordo em colaborar
e em participar em quaisquer iniciativas legislativas que visem melhorar os cuidados paliativos, que visem
melhorar a situação dos doentes terminais e ajudar a pôr fim ao seu sofrimento, que visem melhorar as leis que
já temos e, eventualmente, perspetivá-las num sentido que seja mais favorável à sua condição.
Não julgamos, Sr.ª Deputada, da parte do Grupo Parlamentar do PSD não julgamos, ao contrário do que foi
aqui dito, que os dois problemas sejam problemas separados. Julgamos que este é um debate amplo, que não
deve ter tabus, não deve ter barreiras colocadas com linhas contínuas, em que o debate começa aqui e daqui
não pode passar. Tem de ser um debate aberto, um debate livre e é esse o debate que o Partido Social
Democrata irá fazer.
Aplausos do PSD e da Deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Carla Cruz, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, cumprimento, em nome do Grupo Parlamentar do Partido
Comunista Português, a Deputada Isabel Galriça Neto pelo tema que aqui trouxe e, sobretudo, porque antecipou,
de certa forma, o debate que iremos travar mais tarde, ainda hoje, nesta Assembleia.
Sr.ª Deputada, permita-me que diga que o PCP rejeita liminarmente esta ideia que muitas vezes se quer
passar de que a eutanásia é um sucedâneo dos cuidados paliativos. Rejeitamos liminarmente esta ideia.
Não obstante, pegando nesta ideia, porque a Sr.ª Deputada, na sua declaração política, falou dos cuidados
paliativos, gostaria de dizer que, de facto, defendemos e apoiamos a necessidade do reforço dos cuidados
paliativos e, quanto a isso, Sr.ª Deputada, também não podemos deixar de aqui relembrar as responsabilidades