10 DE FEVEREIRO DE 2017
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — Dizia-se o partido dos reformados e pensionistas; chegado ao Governo, infernizou
a vida dos mais idosos — cortou as pensões de reforma, dificultou o acesso aos cuidados de saúde, impôs a lei
dos despejos.
Dizia-se o partido da lavoura; chegado ao Governo, obrigou a pequena agricultura a inscrever-se nas
Finanças para poder vender umas couves, ao mesmo tempo que favorecia o grande agronegócio.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Ninguém acredita que o CDS esteja hoje a apresentar estas propostas renegando o seu passado,
reconhecendo os prejuízos que causou ao País, aos trabalhadores, aos reformados e aos pequenos
empresários. Ninguém acredita que o regresso do CDS à demagogia mais descarada signifique que abandonou
as opções com que ajudou a afundar o País nos quatro anos em que se colocou ao serviço da troica contra os
interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Daqui dizemos ao CDS que se deixe de dissimulações. Assumam abertamente as
vossas opções; admitam abertamente que o vosso sonho é o regresso ao passado, à política de exploração e
de empobrecimento, que tão diligentemente aplicaram, de mão dada com o PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, por vontade e proposta do PCP as medidas de
apoio às micro, pequenas e médias empresas vão continuar a avançar. No pagamento especial por conta, nas
obrigações tributárias, no acesso ao crédito, nos custos com os fatores de produção, vamos continuar a propor
as medidas de que estas empresas necessitam para ultrapassar os problemas que as atingem, para assegurar
o desenvolvimento da sua atividade e a criação de emprego.
Vamos continuar a defender medidas para uma política fiscal mais justa, ao serviço do desenvolvimento e
do progresso do País. Vamos continuar a defender estas propostas no quadro da política alternativa, patriótica
e de esquerda, de que o País necessita, sabendo que, para esses objetivos de desenvolvimento nacional e de
progresso, não contamos nem com o PSD nem com o CDS.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do
Partido Socialista, tem a palavra a Sr.ª Deputada Jamila Madeira.
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados:
O pagamento especial por conta é um dos instrumentos mais transitórios mas também mais eternizado dos
instrumentos fiscais ao dispor do Estado.
Foi criado pelo Governo do PSD e perdura numa lógica de combate à fraude…
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Pelo PSD?!
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — É verdade. É bom relembrar.
Como eu estava a dizer, o pagamento especial por conta foi criado pelo Governo do PSD e perdura numa
lógica de combate à fraude, mas é assumido que foi criado e mantido para assegurar que a evasão fiscal seja
substancialmente reduzida.
Hoje, vivemos um momento muito peculiar neste Plenário: quando, na oposição, o CDS propala a
necessidade de suspender o PEC, como fez em 2009, ou como agora quando sugere a sua redução sem mais,
não tendo em conta nenhuma lógica de justiça fiscal ou, sequer, a realidade económica portuguesa, já não nos
surpreendemos.