I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Tínhamos cá a troica!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Portanto, em quatro anos de governação, o PSD e o CDS
mantiveram o aumento do salário mínimo congelado durante três anos e meio e apenas procederam a um ligeiro
aumento quase no final do mandato, ou seja, no final de 2014.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — E agora vem o CDS dizer que foi só o Governo socialista que
antecedeu o Governo do PSD/CDS que manteve o congelamento do salário mínimo. Não, Srs. Deputados do
CDS, não foi só esse Governo, foi também o Governo do PSD e do CDS que manteve o salário mínimo
congelado até ao final de 2014!
Mas, Srs. Deputados, ainda assim, é sempre bom ver o CDS reconhecer, como o faz na mesma Exposição
de motivos, que o atual Governo, em pouco mais de um ano, já procedeu a dois aumentos do salário mínimo
nacional, ou seja, mais do que o Governo PSD/CDS em toda uma Legislatura.
Segunda curiosidade: diz o CDS, e passo a citar, que «os partidos que apoiam o Governo, BE, PCP e Os
Verdes, tentaram chumbar a redução da TSU como medida compensatória pelo aumento do salário mínimo, por
discordarem da mesma». E, aqui, a curiosidade não reside no «tentaram chumbar», o que é curioso é que não
há qualquer referência ao PSD no chumbo da redução da TSU. Mas percebe-se porquê e o CDS acaba por ter
razão.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É um arranjinho!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — De facto, o CDS apenas refere os partidos que chumbaram a
redução da TSU por dela discordarem e, portanto, não faria muito sentido referir o PSD, porque seria necessário
dizer que o PSD chumbou a redução da TSU apesar de com ela concordar e até apesar de querer alargar essa
redução a outros setores. Era complicado e nós compreendemos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Esta foi de borla para o CDS!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Terceira curiosidade: o PSD, que agora manifesta muita
preocupação com a economia social, foi o mesmo PSD que, no último projeto de revisão constitucional que
apresentou na Assembleia da República, propôs a revogação do artigo 82.º da Constituição, cujo n.º 4 se refere
exatamente ao setor cooperativo e social. O PSD, que agora está preocupado com a harmonização legislativa
para o estabelecimento da cooperação, foi o mesmo PSD que pretendeu eliminar o n.º 3 do artigo 85.º da
Constituição, que se refere exatamente ao setor cooperativo e social.
Quarta curiosidade: o CDS-PP vem agora propor a redução do valor mínimo do pagamento especial por
conta para 500 €, mas, em 2013, o Governo de que o CDS fazia parte propôs o aumento do valor mínimo do
pagamento especial por conta para 1750 €. Ora, isto não representa apenas uma curiosidade, isto tem outro
nome que, naturalmente, me vou dispensar de referir.
Sobre a proposta do PSD, de fazer ressuscitar os benefícios fiscais para as grandes empresas e para os
grandes grupos económicos, a que o atual Governo pôs termo, e bem, no nosso entender, não haveria
aparentemente grande curiosidade nem surpresas, porque foi sempre o que o CDS e o PSD defenderam e
praticaram quando estiveram no Governo.
Sucede que o PSD que pretende ressuscitar esses benefícios fiscais para os grandes grupos económicos é
o mesmo PSD que considera que o aumento do salário mínimo nacional é excessivo.
Ainda assim, não há aqui qualquer curiosidade, porque todos sabemos quais as reais preocupações do PSD,
que mais uma vez são reafirmadas nesta proposta.
Aquilo que é verdade é que o PSD pretende ressuscitar os benefícios fiscais aos grandes grupos económicos,
mas considera o aumento do salário mínimo exagerado.
O que é verdade é que o PSD pretende alargar o período de reporte de prejuízos fiscais das grandes
empresas para 12 anos, mas quando falamos de aumentar o salário mínimo diz que é excessivo.