10 DE FEVEREIRO DE 2017
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Agora, pelo que parece, vale mesmo tudo, mesmo que isso signifique achincalhar o diálogo social e os
compromissos com os parceiros sociais, esvaziar o valor dos consensos, abandonar as empresas, roubando-
lhes a competitividade que outrora tanto aclamaram como relevante.
Toda a gente sabe que o PSD não morre de amores pelos trabalhadores, nem queria, sequer, aumentar o
salário mínimo. Mas o que ninguém esperava era que a cegueira obstinada de um líder acossado e incapaz de
sair do seu próprio labirinto comprometesse os acordos assinados pelas empresas.
Aplausos do PS.
Protestos da Deputada Maria das Mercês Soares.
Sabíamos que o PSD não dá grande importância à progressão dos rendimentos do trabalho. A orientação
era a de «quanto menos rendimentos mais competitividade» — a tal teoria do empobrecimento, que falhou,
como todos sabemos.
Mas, neste insólito caso, Sr. Presidente, há quem fale em oportunismo. Chamem-lhe o que quiserem, mas a
marca do PSD passou a ser a de uma roleta. Contudo, Srs. Deputados do PSD, podem jogar à roleta entre vós,
podem brincar à roleta russa, podem até ter calado os opositores internos e animado as hostes mais próximas,
mas deviam ter sentido de responsabilidade para não arrastarem o País para os vossos jogos temáticos, que
travam a esperança dos portugueses, que contrariam o interesse dos atores sociais, que assustam os mercados
e que criam angústia nos cidadãos.
Aplausos do PS.
Os portugueses, fazendo uso de uma expressão vossa, não se estão a lixar para as eleições, mas podem
muito bem estar a lixar-se para o PSD!
Protestos do PSD, batendo com as mãos nos tampos das bancadas.
O Governo do PS surge, neste quadro, como único porto seguro dos portugueses.
Continuação de protestos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, faça favor de interromper a intervenção por um
minuto.
Srs. Deputados, a Mesa agradecia que as manifestações de crítica fossem contidas para que pudéssemos
ter uma sessão de acordo com os melhores procedimentos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — São virgens ofendidas!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — É a Mesa que solicita a todos os intervenientes no debate que
tenham um procedimento de acordo com aquilo que se exige a esta Casa.
Agradecia, portanto, que voltássemos à tranquilidade que deve ser recomendada.
Isto dito, Sr. Deputado Carlos Pereira, e pedindo desculpa pela interrupção, faça favor de continuar.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Muito obrigado, Sr. Presidente.
O Governo do PS é o fator de estabilidade que não espalha o terror nem persegue os diferentes setores da
sociedade portuguesa. Fez mesmo um extraordinário processo de reconciliação com todos, não deixando
ninguém para trás. Foi por isso que devolveu os rendimentos, que deu atenção aos reformados e às famílias
carenciadas, mas também é por isso que não abandona as empresas.
Não viramos as costas aos empresários, porque sabemos que são eles o motor da criação de emprego e
aqueles que podem ajudar a alavancar a riqueza do País.