I SÉRIE — NÚMERO 55
14
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Todos os dias chegam notícias de escolas fechadas por falta
de condições. Que resposta tem o Sr. Ministro para estas escolas,…
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Onde é que andou na última legislatura, Sr. Deputado?
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — … estas que não estão abrangidas pelos fundos comunitários
que anunciam uma e outra vezes, como se a cada anúncio não estivessem sempre a falar do mesmo dinheiro,
procurando, dessa forma, enganar as escolas?
Todos os dias chegam notícias de falta de assistentes operacionais e vemos escolas encerradas por esse
motivo. Quantos funcionários vai o Ministério da Educação contratar ainda neste ano letivo?
Duas perguntas finais: qual é a posição do Governo relativamente às propostas da esquerda radical sobre o
modelo de gestão e administração das escolas? Vai ceder à pretensão de comunistas e de bloquistas, que
classificam os diretores como ditadores napoleónicos…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Tenha vergonha!
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — … ou vai apoiar a constituição de lideranças qualificadas
capazes de aplicar a crescente autonomia que se pretende?
Sr. Ministro, os nossos alunos do 4.º ano tiveram os melhores resultados de sempre na Matemática e os
resultados no PISA (Programme for International Student Assessment) foram historicamente positivos. O que
faz o Ministério tutelado pelo PCP, pelo Bloco de Esquerda e pela FENPROP? Anuncia menos horas para
Português e menos horas para Matemática. Isto faz algum sentido para si, Sr. Ministro? Pretendem o quê? Voltar
para a cauda dos rankings internacionais?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Pedro Soares, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. PedroSoares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro Adjunto, o tema da reforma do Estado e do acesso
aos serviços públicos é incontornável e de grande importância, como é óbvio.
Nós sabemos as dificuldades que existem em muitos serviços públicos, sabemos também que, se a direita
se tivesse mantido no Governo, essas dificuldades seriam n vezes superiores, com toda a política que tinha
vindo a ser seguida de empobrecimento e de desinvestimento nos serviços públicos.
Mas não deixamos de ficar surpreendidos pelo facto de o partido que traz este tema a debate no Parlamento
ter feito uma intervenção da qual nós não conseguimos reter um único elemento reformista, um único elemento
que seja no sentido da reforma do Estado, de aproximação dos cidadãos, de melhoria dos serviços públicos.
Não há um único elemento que nos possa orgulhar de que este tema, trazido por este partido para o debate do
Parlamento, de facto, dê origem a um debate, a um avanço, a um progresso em relação a esta temática.
O espírito reformista a que a direita nos habituou ao longo de vários anos foi no sentido do empobrecimento
dos portugueses, do empobrecimento do País, da diminuição do investimento no Estado social, na educação,
no Serviço Nacional de Saúde e, por isso, compreendemos as enormes dificuldades que o Sr. Deputado Hugo
Lopes Soares tem quando intervém sobre esta matéria.
Já não falamos sequer da intervenção do Sr. Deputado Hélder Amaral, que, quando fala de reforma do
Estado, aparece-lhe imediatamente uma espécie de hashtag na cabeça a dizer «diminuição do IRC». A única
questão que o CDS consegue pensar em termos de reforma do Estado é a diminuição do IRC.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. PedroSoares (BE): — Sr.as e Srs. Deputados, o elemento mais interessante que o Programa do
Governo tem, relativamente à reforma do Estado e à descentralização, é a eleição direta dos órgãos das Áreas
Metropolitanas de Lisboa e do Porto. Mas, precisamente quando esse debate é suscitado, levanta-se um clamor