I SÉRIE — NÚMERO 57
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Aplausos do PS.
Foi tudo, tudo, a eito! Foi tudo alvo de cortes e aumento de impostos. Nada, nada, parecia escapar, mas,
infelizmente, não foi assim.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este Governo PSD/CDS, diligente no corte e no aumento de impostos e na
perseguição de contribuintes, fechou os olhos a fluxos financeiros para offshore, deixou as alterações do, agora
famoso, Modelo 38 por regulamentar e ocultou de forma deliberada — hoje podemos dizê-lo — a estatística dos
montantes transferidos.
Aplausos do PS.
Depois de um perdão fiscal com amnistia criminal e sem exigir o repatriamento de capitais, o que nunca
aconteceu em exercícios semelhantes em governos PS, deixou, até 2014, um escrutínio incompleto de
operações num total de 10 000 milhões de euros.
Aplausos do PS.
Entre 2011 e 2015, apesar da insistência, pelo menos, por duas vezes, do então Diretor-Geral da Autoridade
Tributária, o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio não mandou publicar as estatísticas,
deixou o assunto na gaveta durante quatro anos, não procurou conhecer a variação dos números e as causas
dessas variações, não se inquietou quando os jornalistas — e isso hoje sabemos — lho perguntaram de forma
insistente ou, mesmo ainda, quando Deputados desta Câmara, na Legislatura passada, perguntaram e
esperaram, em vão, a resposta.
Aplausos do PS.
Hoje sabemos que não só Paulo Núncio foi questionado como também o gabinete do Ministro das Finanças
Vítor Gaspar respondeu de forma incompleta a este Parlamento, após pergunta do Grupo Parlamentar do PCP,
em 2013. E a nova pergunta endereçada ao Ministro das Finanças ficou sem resposta, quer quando era Vítor
Gaspar, quer quando era Maria Luís Albuquerque.
Podemos afirmá-lo: quer os titulares das finanças quer o Secretário Estado dos Assuntos Fiscais sabiam que
não estava a ser cumprido o dever de publicitação.
Aplausos do PS.
Essa ocultação deliberada, mesmo após insistência da Autoridade Tributária, levou a que erros e omissões
só fossem descortinados mais tarde por um Governo do PS, que fez regressar a boa prática da publicação de
estatísticas de transferências para offshore.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Prosseguiremos no nosso caminho do escrutínio. Cumpriremos
integralmente o nosso dever, porque, como bem disse o Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses não tolerariam
que não sinalizássemos, com especial ênfase condenatória, quem, durante quatro anos, penhorou casas de
família por dívidas fiscais, ao mesmo tempo que, de forma negligente, não garantia o escrutínio de movimentos
financeiros para offshore.
Continuaremos à procura de respostas para as perguntas fundamentais neste caso.
Primeira: como é possível que esta atitude deliberada se tenha circunscrito ao Ministério das Finanças?
Segunda: que transações e que emitentes não viram as suas operações adequadamente escrutinadas?
Terceira: que contribuintes, se os há, não viram cumpridas, de forma integral, as suas responsabilidades
fiscais?