11 DE MARÇO DE 2017
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com a instituição e o curso, a real influência das propinas no afastamento dos estudantes, o efeito da perceção
de empregabilidade, bem como a eficácia e eficiência da ação social escolar, direta e indireta.
Sabendo que esta é uma problemática multifatorial, uma análise parcelar é não só contraproducente como
induzirá opções erráticas e erradas. É, pois, fundamental caracterizar, definir e implementar. Uma abordagem
integrada é indispensável à elaboração e posterior aplicação de políticas mais conformes à realidade, capazes
de promover maiores índices de equidade social.
Srs. Deputados, este é um processo que deve valorizar o trabalho coordenado das várias instituições
envolvidas, nomeadamente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, do Conselho
Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e, não menos importante, das associações representativas
do movimento estudantil. Apenas promovendo este envolvimento seremos capazes de sistematizar os vários
estudos produzidos, induzir a partilha de experiências e fomentar a criação de sinergias entre as diferentes
instituições.
Sr. Presidente, sabemos que o combate ao insucesso escolar e ao abandono escolar no ensino superior é
central no fomento de mais crescimento, mais emprego e mais igualdade. Porque a qualificação dos portugueses
representa um pilar da nossa política, porque no Portugal que estamos a construir ninguém pode ficar para trás,
acreditamos que esta é a forma mais eficaz de reduzir desigualdades e fazer um Portugal melhor.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André
Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Estado deve assegurar que ninguém
fica privado de aceder ao ensino superior por motivos de insuficiência económica.
A este nível, assume particular relevância a atribuição de bolsas de estudo que, apesar da sua importância,
não têm ainda a configuração desejada.
O projeto do PAN, que hoje discutimos, visa introduzir alterações ao atual sistema de atribuição de bolsas,
tornando-o mais rápido, eficiente e inclusivo. Para o efeito, fazemos hoje, aqui, seis propostas.
Primeira: por forma a evitar atrasos no processo, deve ser promovido, em articulação com as instituições de
ensino superior, o esclarecimento dos estudantes sobre o processo e condições de atribuição de bolsa,
nomeadamente a documentação necessária para o pedido.
Segunda: deve ser criado um mecanismo que permita aos bolseiros, que se candidatem a nova bolsa no ano
seguinte, terem o apoio automaticamente renovado, desde que se mantenham as mesmas condições.
Terceira: por forma a evitar atrasos na atribuição e no pagamento das bolsas, deverão ser criados
mecanismos que confiram maior celeridade ao processo.
Quarta: deve ser alterado o regulamento e atribuição de bolsas, por forma a permitir o acesso a este apoio
aos estudantes inscritos no ciclo de estudos conducente ao grau de Doutor que, encontrando-se em situação
de carência ou insuficiência económica, não usufruam de apoios concedidos através de bolsas de investigação.
Quinta: deverá ser ponderada a alteração dos critérios de atribuição de bolsas de estudo, nomeadamente os
respeitantes ao rendimento do agregado familiar e ao valor do património imobiliário, permitindo o acesso a mais
estudantes em situação de carência económica.
Sexta, e última: de forma a permitir uma atribuição mais rigorosa das bolsas de estudo, deverá proceder-se
a um reforço da fiscalização dos serviços de ação social, diminuindo as situações de fraude e garantindo que o
acesso a estes apoios se destina apenas àqueles que dele verdadeiramente precisam.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do
Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Monteiro.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Até ao início do novo século foi
aumentando de forma extremamente significativa o recrutamento de estudantes provenientes de diferentes
meios sociais, culturais e territoriais.