I SÉRIE — NÚMERO 68
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atual legislação fiscal, de diversos mecanismos que permitem atenuar a tributação em caso de deficiência
fisicamente relevante, tendo sido consagrado no Orçamento do Estado de 2016 um aumento da dedução à
coleta, em sede de IRS, por cada dependente com deficiência. É igualmente o caso da alteração à Lei Eleitoral,
que está a ser promovida pelo Governo e que tem como objetivo alargar a participação dos cidadãos nos atos
eleitorais ou da possibilidade, prevista na lei, de suspender a licença parental inicial no período de internamento
hospitalar, quer do progenitor, quer da criança, no período pós parto, desde que a pedido do progenitor e pelo
tempo de duração do internamento.
Mas a maior desfaçatez por parte do CDS surge no projeto de resolução que recomenda ao Governo que
garanta o acesso à formação profissional adaptada às pessoas com deficiência e incapacidades na região da
Grande Lisboa, manifestamente numa tentativa de branquear um problema por si criado, enquanto foi Governo,
ao não ter assegurado atempadamente, por falha de planeamento, a continuidade dos apoios, pois a dotação
prevista para o Portugal 2020 para a região de Lisboa veio a revelar-se manifestamente insuficiente. Trata-se
de uma situação que o atual Governo já está a resolver e tem vindo a acompanhar de forma bastante próxima,
envidando todos esforços necessários para debelar os constrangimentos criados.
Não poderei terminar sem falar no lançamento dos Balcões da Inclusão, tendo-se vencido um dos grandes
obstáculos dos cidadãos com deficiência — o contacto com os serviços da Administração Publica — e garantido
um atendimento especializado que melhora a qualidade do serviço prestado e a resolução de problemas aos
cidadãos com deficiência e suas famílias.
Sr.as e Srs. Deputados: A política só faz sentido se for para melhorar a vida das pessoas, e o Partido Socialista
está a construir um Portugal mais justo e democrático. Este ano e meio de Governo já demonstrou que é possível
fazer outras escolhas, definir outras prioridades, fazer diferente.
O anterior Governo escolheu empobrecer o País, enquanto este Governo tem demonstrado que é possível
governar com equilíbrios, respeitando os nossos compromissos sem pôr em causa a dignidade e o bem-estar
das pessoas. E o facto de este Governo ter definido como uma das suas prioridades as pessoas com deficiência
e as suas famílias é um bom exemplo dessas escolhas, dessa opção em defender a dignidade das pessoas
que, pela sua fragilidade, carecem de uma maior intervenção.
O CDS e o anterior Governo podiam ter desenvolvido, executado, implementado e cumprido todas as
medidas que hoje aqui veio apresentar? Podiam, mas não seria a mesma coisa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sandra
Pereira, do PSD.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Passaram-se oito anos sobre a
ratificação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência por parte do Estado
português.
A Convenção impõe-nos o dever coletivo de garantir às pessoas com deficiência ou incapacidade a plena
fruição de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, exatamente na mesma medida que os demais
cidadãos.
Conforme os estudos científicos disponíveis nos apontam, as pessoas com deficiência ou incapacidade
situam-se nos grupos sociais mais excluídos e mais propensos ao risco de pobreza. Segundo estimativas da
União Europeia, há uma maior prevalência de desemprego nas pessoas com deficiência, sendo duas ou três
vezes superior à dos restantes cidadãos.
Para o Grupo Parlamentar do PSD, a plena inclusão das pessoas com deficiência é um compromisso
programático que nos deve unir e constitui, por isso, matéria que encaramos como uma reserva de unidade,
reserva esta que está acima do combate político.
Assim, devemos mobilizar a sociedade e todos os seus agentes para uma atitude inclusiva. Devemos
desenhar políticas públicas globais e concertadas que visem combater as discriminações e que promovam uma
verdadeira igualdade de oportunidades.
A Convenção das Pessoas com Deficiência estabelece a necessidade de fomentar o emprego e a
empregabilidade enquanto instrumentos promotores da inclusão das pessoas com deficiência ou incapacidade.