30 DE MARÇO DE 2017
33
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Miguel Santos, como
nós compreendemos o PSD! Nós compreendemos bem o que é que o PSD está a tentar fazer e o que tenta
fazer sempre que sobe à tribuna: na verdade, depois de ter aplicado uma política de terra queimada sobre o
Serviço Nacional de Saúde, quer desresponsabilizar-se e branquear a sua responsabilidade.
Por isso, o partido que antes se dizia forte e decidido e que até queria ir para além da troica — os cortes que
a troica impunha nem sequer eram suficientes, o PSD iria bastante para além da troica — agora diz: «Só fizemos
o que fizemos porque teve de ser». Portanto, nós sabemos bem o que querem fazer.
Mas o que fizeram foi por uma opção do PSD, como foi por uma opção do CDS-PP.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Ah, pois é!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — É que, efetivamente, não gostam do Serviço Nacional de Saúde, porque
querem dar estas fatias do que consideram ser o mercado aos privados e foi por isso que fizeram tudo aquilo
que fizeram…!
Agora, na tentativa de se desresponsabilizarem das vossas responsabilidades, não têm pejo em fazer vítimas
pelo caminho e as primeiras, como ouvimos da tribuna, são os números e os factos, que foram completamente
torturados. São estas as primeiras vítimas do PSD na tentativa da desresponsabilização.
Sr. Deputado Miguel Santos, investimento que o PSD fez no Serviço Nacional de Saúde nos últimos anos?!
Quer falar do aumento da obsolescência dos equipamentos? Sr. Deputado, falou dos profissionais. Quanto ao
aumento de profissionais e da valorização, ainda se lembra dos cortes que o PSD fez aos funcionários na função
pública, aos médicos?! Ainda se lembra da emigração?! Ainda se lembra dos 4400 profissionais que foram
perdidos em quatro anos?!
Sr. Deputado, falou em utentes sem médico de família?! Lembra-se como é que o PSD conseguiu
artificialmente reduzir o número de utentes sem médico de família? Foi contratando mais médicos? Não! Foi
aumentando o número de utentes por cada médico. Ainda se lembra-se disto?…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Peço-lhe que termine, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Portanto, convém não torturar números e convém não enganar os
portugueses com estas declarações políticas que vêm aqui fazer.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para um novo pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, o que o Sr. Deputado Miguel Santos tentou fazer da tribuna foi
uma encenação que tem sido recorrente, de facto, no PSD e no CDS-PP, que é branquear a total
responsabilidade que tiveram, e que ainda têm, das consequências no Serviço Nacional de Saúde da vossa
política.
O Sr. Deputado disse: «Nós melhoramos a acessibilidade dos utentes no Serviço Nacional de Saúde!». Ó
Sr. Deputado, eu recordo-lhe o aumento exponencial das taxas moderadoras. O Sr. Deputado esqueceu-se de
que foi o Governo PSD/CDS-PP que alterou os transportes não urgentes de doentes, impedindo doentes de
irem a tratamentos e consultas?! É isto a acessibilidade?! Ó Sr. Deputado, não branqueie as suas
responsabilidades.
O Sr. Deputado disse que aumentaram a acessibilidade aos medicamentos. Ó Sr. Deputado, acha que os
portugueses se esqueceram dos doentes que morreram à espera do medicamento da hepatite C?! Não se
esqueceram, Sr. Deputado!
Aplausos do PCP e do PS.