30 DE MARÇO DE 2017
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Em simultâneo, o investimento no SNS caiu 34%, entre 2015 e 2016, e, nos primeiros dois meses deste ano,
recuou 56%, situando-se, por comparação com o período homólogo, em 3,6 milhões de euros.
Todos sabemos que o resultado desta política de desmantelamento e de desinvestimento efetivo conduz à
degradação do SNS e à consequente redução do acesso aos cuidados de saúde. Aliás, no início deste mês, a
Deputada Catarina Martins reconhecia que existe no SNS, uma «enorme contração no investimento e uma
enorme contração dos serviços públicos».
O Governo tem aumentado a precariedade em mais de 10% no último ano. O trabalho à hora dos designados
tarefeiros passou a despesa para mais de 110 milhões de euros, constituindo um novo recorde desde 2011.
Sucedem-se as faltas de medicamentos nos hospitais, a quota do mercado dos medicamentos genéricos
congelou, o mesmo sucedendo com a progressão das carreiras médicas e das condições de trabalho dos
enfermeiros.
A desigualdade criada entre profissionais em função do vínculo contratual originou situações de trabalho
igual com salários e horários diferentes.
A recente crise com os profissionais de saúde e as promessas repetidas e renovadas do Ministro da Saúde
revelam uma séria insatisfação dos trabalhadores perante a política errática do Governo.
Multiplicam-se as demissões de diretores em unidades hospitalares, do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes
e Alto Douro; do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e de Espinho e do Centro Hospitalar do Algarve.
Estas demissões são a reação esperada e desesperada à situação crítica a que muitos hospitais chegaram,
por falta de investimento, de equipamentos e de recursos humanos.
Na emergência médica ocorrem reiteradamente atrasos no atendimento de chamadas e na ativação de
meios. No mês de dezembro, o tempo de espera para atendimento de chamadas aumentou em 350%, como
reconheceu o próprio Presidente do INEM.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, peço-lhe que termine.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, para terminar, o Partido Socialista, o
Partido Comunista e o Bloco de Esquerda prometeram muito, mas, passado todo este tempo de exercício
tripartido de poder, não cumprem e agravam as condições de acesso ao SNS.
O SNS tem dívida a crescer, tem a despesa desestruturada, tem menos investimento, tem mais precariedade
e tem os níveis assistenciais a deteriorarem-se.
Pela nossa parte, não desistiremos jamais de defender os interesses do País, dos portugueses e dos
profissionais, apresentando propostas que permitam inverter este ciclo. Mais uma vez está em risco a
sustentabilidade do SNS e a acessibilidade dos cidadãos.
Mesmo para terminar, Sr. Presidente, é inacreditável e é inaceitável que este Governo e estes partidos nada
tenham aprendido com a história recente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Estão inscritos quatro Srs. Deputados para pedirem
esclarecimentos. Pergunto ao Sr. Deputado Miguel Santos de que forma pretende responder.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Em conjuntos de dois, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito bem.
Para os primeiros pedidos de esclarecimento, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, tem a
palavra o Deputado Luís Graça.
O Sr. Luís Graça (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Miguel Santos, ouvindo-o
percebo que, tal como o PSD, também o senhor não mudou nem aprendeu nada com o passado.
Deu-nos aqui uma visão administrativa, excessivamente administrativa — diria mesmo quase de empresa de
contabilidade —, quase mesmo, perdoe-me talvez o excesso parlamentar, uma visão de mangas-de-alpaca,