30 DE MARÇO DE 2017
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de detenção vergonhosos em próprio território europeu, pode ser, na verdade, uma resposta a estes
populismos? Não será isto, pelo contrário, um acicatar destes mesmos populismos?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado António Filipe,
do PCP.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Isabel Pires, colocou questões sobre problemas
muito pertinentes e eu gostaria de abordar dois dos problemas que suscitou.
A sua primeira questão foi no sentido de saber se, tendo em conta aquelas que são as orientações
dominantes na União Europeia, aquilo que tem marcado fundamentalmente este processo de integração, é
possível esperarmos que haja uma resolução para os problemas nacionais. Quando vemos que,
designadamente quanto à dívida, que consideramos impagável, são precisamente os maiores bancos dos mais
poderosos países europeus os beneficiários líquidos do nosso endividamento, podemos esperar que haja boa
vontade da União Europeia para resolver, de uma forma realista e de uma forma razoável, os problemas do
endividamento da economia portuguesa? Não, não podemos estar à espera disso!
O Sr. João Oliveira (PCP): — É evidente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Mas a Sr.ª Deputada falou de um outro problema que gostaria de abordar,
que é o problema do rótulo que o discurso europeísta dominante coloca a todos aqueles que ousam questionar
este caminho de integração europeia — o rótulo dos populistas. É preciso dizer, com toda a clareza, que há
partidos xenófobos e racistas no âmbito da União Europeia que a contestam, mas com os quais não nos
identificamos — nós, Partido Comunista Português.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Não temos rigorosamente nada a ver com partidos de extrema-direita
europeia e é uma grosseria querer confundir um partido de esquerda como o PCP, que é um partido
profundamente antixenófobo, antirracista e solidário, com o discurso de partidos como a Frente Nacional…
Aplausos do PCP.
… ou com o discurso de partidos como o partido húngaro que integra o Partido Popular Europeu, de que os
senhores fazem parte.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Ora bem!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Esquecem-se disso!
O Sr. António Filipe (PCP): — Portanto, importa é que não haja esses rótulos e esses anátemas e que as
questões sejam discutidas com a seriedade que merecem. Senão, pergunto se há algum discurso mais populista
do que o discurso do Sr. Dijsselbloem, que vem acusar os povos da Europa de estarem a gastar dinheiro em
álcool e mulheres. Pergunto se há discurso mais populista do que se esse!
Aplausos do PCP.
Não, esse é um discurso completamente europeísta, nada de populismo, nada de populismo!…
Portanto, é bom que as questões sejam discutidas com a seriedade que merecem e que se discutam, de
facto, os problemas que este processo de integração europeia tem causado aos povos e os prejuízos causados
à cooperação, à coesão económica e social que era necessária no âmbito da Europa. De facto, é bom que se