30 DE MARÇO DE 2017
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — É importante que esse debate se faça e que nos questionemos sobre a razão
pela qual o processo de integração europeia nunca causou tão grande descontentamento entre os povos da
Europa. Não será porque tem sido um processo construído à margem da vontade dos povos da Europa?! Não
será porque tem sido um processo de construção de uma Europa dos interesses financeiros, de uma Europa do
capital, à margem e independentemente daquela que é a vontade soberana dos vários povos da Europa?!
Sr.ª Deputada, corrigir um erro não pode ser feito através da repetição e intensificação desse mesmo erro.
Quando se reconhece que o processo de integração europeia conduziu à crise que a União Europeia vive
presentemente, quer parecer-nos que é errado dizer que a solução para a correção desse erro é insistir no erro
e andar mais depressa. Caímos um pouco naquele lugar-comum, que é o de dizer «estamos à beira do abismo
e é preciso dar um passo em frente».
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Achamos, pois, que importa repensar os seus fundamentos.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o tempo de que dispunha.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
A questão final que quero colocar é esta: perante os constrangimentos que a União Europeia representa hoje
ao desenvolvimento nacional, como é possível resolver esse problema e defender os interesses nacionais,
defendendo exatamente que a Europa prossiga e intensifique o caminho que tem vindo a seguir até aqui?!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Edite Estrela, quero dizer-lhe que
acompanho uma parte da sua intervenção, a parte em que faz uma consideração sobre a União Europeia e o
facto de, hoje, ser um dia triste para o projeto de construção europeia e para os europeístas, mas há outra parte
que não acompanho, que é a dos défices, até porque a redução dos défices em Portugal foi feita, acima de tudo,
com o esforço e o sacrifício dos portugueses.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — A redução de um défice de mais de 11% para menos 3%, entre
2010 e 2015, implicou muito esforço e muito sacrifício dos portugueses, tal como a redução do défice para 2,1%,
em 2016, implicou também esforço e sacrifício dos portugueses.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr.ª Deputada, na sua intervenção, citou Aristóteles. Gostava de lhe
lembrar que, em relação a esta matéria do processo por défices excessivos, me parece que se enganou no
nome. Acho que o nome é outro: é Sócrates, não é Aristóteles.
Aplausos do CDS-PP.
Permita-me, Sr.ª Deputada, que aborde agora a outra parte da sua intervenção que considero a mais
relevante e a mais importante no dia de hoje — aliás, o CDS também vai falar sobre essa matéria —, que tem a
ver com o processo de construção europeia.