I SÉRIE — NÚMERO 69
12
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — É isso que hoje acontece. É isso que é preciso mudar. É sobre isso que
Governo e a maioria parlamentar se encontram, neste momento, a trabalhar.
Com as regras do PSD e do CDS, quem queira aceder à pensão passou a ter condições punitivas, que têm
de acabar. As alterações introduzidas pelo Governo da direita configuraram uma dupla penalização para quem
quisesse reformar-se. Por um lado, a idade da reforma passou a aumentar todos os anos e, por outro, o cálculo
do chamado «fator de sustentabilidade» foi alterado. Quando, em 2011, ele significava um corte de 3%, em 2015
ultrapassava já os 13% e neste ano vai quase em 14%.
Estas alterações — idade da reforma e fator de sustentabilidade — conduziram a uma dupla penalização nas
reformas antecipadas, ou seja, com a idade legal da reforma aumenta também a distância entre essa idade e a
idade que o trabalhador tem no momento em que requer a pensão. A essa penalização de 0,5% ao mês, ou
seja, de 6% ao ano, acresce o fator de sustentabilidade. Como se não bastasse, PSD e CDS ainda degradaram
as bonificações que as pessoas com longuíssimas carreiras contributivas tinham até 2012.
Tudo somado, houve trabalhadores que, ao fim de uma vida de descontos, tiveram cortes de mais de 50%
no valor da sua pensão e que, por causa dessas regras, ficaram condenados a receber até ao fim dos seus dias
uma pensão abaixo do limiar de pobreza.
O Bloco de Esquerda tem defendido, sempre, o direito de acesso à pensão de reforma, sem penalizações,
aos 40 anos de trabalho ou aos 65 anos de idade, sem prejuízo de outros regimes especiais, nomeadamente
em profissões de desgaste rápido.
Este princípio, que deveria vir acompanhado com a diversificação das fontes de financiamento da segurança
social, permitiria valorizar as carreiras contributivas mais longas e seria um aspeto essencial de distribuição do
emprego e de combate ao desemprego jovem.
Este Parlamento já fez um debate sobre o tema e essa regra de reforma sem penalização aos 40 anos de
descontos foi chumbada. O Bloco apresentou então uma segunda proposta para reparar os trabalhadores e as
trabalhadoras que foram empurrados para o trabalho infantil, por via de um projeto de lei que visa consagrar o
direito à reforma para todos os trabalhadores que começaram a trabalhar aos 16 anos ou mais cedo, no
momento em que tenham 40 anos de descontos.
Como é sabido, os partidos da maioria e o Governo encontram-se, agora, a discutir uma alteração das regras
de acesso à reforma, com o objetivo de valorizar as longas carreiras contributivas. Para o Bloco, esta é uma
oportunidade única de fazer justiça à geração que começou a trabalhar em criança. E é com esse objetivo que
temos participado nas negociações que estão em curso.
O fim do corte de 14%, por efeito do fator de sustentabilidade sobre todas as pensões antecipadas, é uma
boa notícia. O Bloco sempre o propôs e ele foi agora anunciado pelo Governo.
Mas a alteração às regras das pensões antecipadas e a proteção das longas carreiras contributivas deve
responder a outros três objetivos.
Primeiro: permitir o acesso à reforma sem penalizações para quem começou a descontar antes dos 16 anos.
Quem trabalha desde tão cedo tem de ser compensado.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, ultrapassou o seu tempo. Peço-lhe para concluir.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Segundo: valorizar as carreiras de quem tem mais de 40 anos de
descontos, por via da antecipação da idade legal da reforma.
Terceiro: desagravar as penalizações atualmente existentes para quem pede reforma antecipada.
Finalmente, destas regras não podem ficar excluídos os trabalhadores da Administração Pública, ou seja, da
CGA (Caixa Geral de Aposentações).
Fazer justiça a quem merece todo o nosso respeito é a forma, Sr.as e Srs. Deputados, de honrarmos o nosso
mandato.
Aplausos do BE e da Deputada do PS Sónia Fertuzinhos.